De acordo com Alexandre Alves, a aeronave elétrica, denominada por “ES-30”, vai ter capacidade para albergar “30 lugares”, e para voar “100% elétrico até 200 quilómetros” de distância, tendo ainda uma pequena turbina alimentada por combustível sustentável que abastece essas baterias e permite “duplicar a autonomia até 400 quilómetros”.
De acordo com o responsável, que falava à Lusa no decorrer da “maior cimeira” aeronáutica da Península Ibérica, Portugal Air Summit, que decorre até sábado no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor (Portalegre), trata-se de um projeto “com muita sustentabilidade”, tendo sido o projeto da aeronave apresentado aos interessados nesta área “há cerca de um mês”, na Suécia.
“Esperamos que, de acordo com a expectativa, em 2027 ou 2028, a aeronave esteja certificada e em 2030 sejamos a primeira companhia aérea mundial a voar 100% elétrica”, acrescentou.
A Sevenair prepara-se para adquirir três aeronaves, com “opção de mais três”, segundo o administrador da empresa, que acrescentou ainda que “não está definido” nesta altura o preço de cada uma das aeronaves.
“A aeronave ainda está em fase de projeto, de testes, mas o ‘target’ é andar à volta de pouco acima de uma dezena de milhões de euros [cada aeronave]”, revelou.
A aviação tem um compromisso até 2050 de se tornar “carbon neutral” e “há cerca de três anos” que a Sevenair procura “soluções sustentáveis” no mercado para atingir esse objetivo.
A Sevenair, segundo Alexandre Alves, ao constatar durante a procura no mercado que existem muitos projetos nesta área, encontrou um desenvolvido por uma ´startup` sueca, a Heart Aerospace, que “tem por detrás” investidores “de relevo” e um fundo de investimento americano liderado pelo empresário Bill Gates.
“Este suporte financeiro deu-nos algumas garantias de sustentabilidade deste projeto, houve uma aproximação, achamos interessante e fomos nomeados membros de um grupo restrito de companhias que estão a ajudar ao desenvolvimento do projeto [ES-30]”, explicou.
Alexandre Alves revelou ainda que já existem no mundo outras empresas interessadas na aquisição da aeronave, existindo nesta altura cerca de “400 encomendas”.
“Sendo Portugal um país pequeno e sendo nós operadores de voos muito curtos, a nossa operação e o nosso país são perfeitos para este tipo de aeronave e, por isso, estamos a tentar ser o país lançador e a companhia lançadora”, disse.
Alexandre Alves acredita ainda que esta aeronave “vai mudar o paradigma” do mercado, uma vez que os custos vão "baixar brutalmente”, o que permite reduzir também as tarifas aos passageiros.
“Com uma aeronave que hoje operamos, com 19 lugares e combustível tradicional, estamos a falar de um voo de ida e volta (Lisboa/Évora) que pode custar quatro mil euros e com esta aeronave talvez metade”, exemplificou.
A Sevenair opera em linha aérea regional com voos diários ´charter` para vários destinos em Portugal, como Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais ou Portimão.