A decisão foi comunicada hoje em conferência de imprensa, na sede do SEP, em Lisboa, à margem de uma reunião da direção, após um novo encontro negocial do sindicato no Ministério da Saúde.
O presidente do SEP disse que as contrapropostas do sindicato, que a tutela "ficou de ponderar", são "perfeitamente acomodáveis" em termos orçamentais, acrescentando que uma nova reunião negocial no ministério está agendada para sexta-feira.
Justificando a manutenção da greve, José Carlos Martins alegou que as propostas da tutela continuam a ser insuficientes.
O SEP, apoiado pelo Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira, reclama a revisão da carreira até ao final do primeiro semestre de 2018, a reposição das horas de qualidade (horas de trabalho feitas aos fins-de-semana, feriados e à noite) a partir de janeiro e a extensão das 35 horas semanais de trabalho a todos os enfermeiros antes de julho.
Segundo o sindicato, o Ministério da Saúde propõe, em contrapartida, a reposição faseada das horas de qualidade, em abril e em dezembro de 2018, a aplicação das 35 horas semanais em julho e o pagamento de um subsídio transitório de 150 euros aos enfermeiros especialistas até à negociação das carreiras, em 2018.
O SEP entende que a valorização salarial dos enfermeiros não pode passar sem a revisão da carreira.
Inicialmente, o sindicato propunha um suplemento remuneratório para os especialistas, de 600 euros.
Duas outras estruturas sindicais, o Sindicato dos Enfermeiros e o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, ameaçam com uma nova greve de cinco dias, a partir de 16 de outubro, depois da ocorrida entre 11 e 15 de setembro, caso o Governo não satisfaça uma série de reivindicações, incluindo um aumento mínimo de 400 euros para todos os enfermeiros.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou o aumento salarial de 400 euros mensais "absolutamente incomportável" em termos orçamentais.
A 24 de agosto, os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia retomaram um protesto de zelo contra a falta de pagamento da sua especialidade.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, avisou hoje que a situação nos blocos de partos, decorrente do protesto dos enfermeiros, está à beira de se tornar insustentável, apelando ao Governo para que resolva a questão definitivamente.
Miguel Guimarães disse ter relatos de deficiências em blocos de partos de vários hospitais, além de situações de conflitos entre enfermeiros e médicos.
Os enfermeiros não aceitam o subsídio transitório proposto pelo Governo, que representa um gasto anual de 14,4 milhões de euros, o equivalente a cerca de dois terços da despesa pública com medicamentos para doenças oncológicas raras, nas contas do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses voltou hoje a reiterar que está disposto a delinear "estratégias comuns" de luta com outras estruturas.
LUSA