O secretário Regional da Saúde da Madeira negou hoje que a situação das listas de espera no arquipélago seja "caótica", perspetivando um investimento de cerca de 1,7 milhões de euros na recuperação dos atrasos nas intervenções cirúrgicas.
"Usar o termo caótico [para classificar a situação das listas de espera na Madeira] é muito grave", disse Faria Nunes, respondendo aos deputados na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), num debate sobre o Decreto Legislativo Regional que cria o Programa de Recuperação de Cirurgias (PRC) e estabelece os objetivos dos Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia-Madeira (SIGIC-M).
Com base neste diploma, o executivo madeirense vai investir este ano 350 mil euros e mais 1,4 milhões de euros em 2016 na recuperação das listas de espera das cirurgias.
Na ocasião, o governante assegurou que "não há ninguém com urgência para ser operado" nesta região e que "60 a 70 por cento são doentes da lista de ambulatório", situação que será minimizada com a inauguração do bloco para este tipo de intervenções.
"Este é um setor em situação caótica em relação às listas de espera para cirurgias e realização de meios complementares de diagnóstico", acusou o deputado do CDS-PP Rui Barreto, mencionando que os dados de 2015 apontam para 17.300 pessoas que aguardam intervenções, enquanto 22 mil estão à espera de exames.
Para o deputado centrista, com este plano que o Governo Regional pretende implementar, "vai levar 30 anos a recuperar" a lista das cirurgias no arquipélago, pois permite apenas a realização de uma média de 600 intervenções por ano.
"Com este programa, vamos aproveitar toda a capacidade instalada do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) e recorrer a clínicas privadas", realçou o secretário regional.
Faria Nunes destacou, também, que esta medida será complementada com a adaptação à região do SIGIC.
O responsável também defendeu uma outra proposta de diploma do Governo Regional para regular as funções dos médicos das carreiras da área hospitalar, quando deslocados do seu domicílio profissional para assegurar a prestação de cuidados de saúde em áreas de especialidade na Unidade de Saúde da ilha do Porto Santo
Faria Nunes explicou que o objetivo desta medida é o "reforço dos recursos humanos e técnicos" naquela ilha.
O governante sublinhou que a deslocação dos médicos acontecerá "em regime de voluntariado", sobretudo nos fins de semana, apontando o diploma que esta medida represente uma despesa na ordem dos 245 mil euros anuais.