Adiada na quinta-feira por 24 horas devido às más condições meteorológicas, o lançamento do foguetão Ariane 5 que transporta o aparelho foi concretizado hoje às 13:14 (hora de Lisboa), como previsto, no início de uma odisseia espacial inédita.
Vinte e sete minutos depois, a cerca de 1.500 quilómetros de altitude, a sonda Juice separou-se com sucesso do foguetão em direção a Júpiter, confirmando o êxito do lançamento.
A missão do Ariane 5 "é um sucesso", declarou o presidente da Arianespace, Stéphane Israel.
“Juice é a sonda mais complexa jamais enviada para Júpiter”, disse o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, na sala de controlo do centro espacial da Guiana Francesa, onde Portugal esteve representado pelo presidente da agência espacial Portugal Space, Ricardo Conde.
“É uma missão extraordinária que mostra tudo aquilo de que a Europa é capaz”, felicitou-se Philippe Baptiste, presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais, que gere o centro espacial guianês.
O ‘Juice’ irá estudar o maior planeta do Sistema Solar e as luas Europa, Ganimedes e Calisto, onde os cientistas pensam que possa existir água líquida (elemento fundamental para a vida tal como se conhece) sob as crostas de gelo à superfície.
A missão, cujo fim está previsto para setembro de 2035, envolve empresas, cientistas e engenheiros portugueses.
O satélite inclui componentes fabricados pelas empresas portuguesas LusoSpace, Active Space Technologies, Deimos Engenharia e FHP – Frezite High Performance e um instrumento desenvolvido em parte pela Efacec e pelo LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas.
A missão tem o engenheiro aeroespacial Bruno Sousa como diretor de operações de voo e contou com o engenheiro de antenas Luís Rolo na testagem de duas antenas de dois dos dez instrumentos do satélite, uma sonda-radar e um radiotelescópio. Ambos trabalham na ESA há mais de dez anos.
O satélite deverá chegar ao gigante gasoso, aproveitando em momentos diferentes a gravidade da Terra e de Vénus, passados oito anos, em julho de 2031, fazer 35 voos de aproximação às luas geladas (descobertas por Galileu há 400 anos) e alcançar Ganimedes em dezembro de 2034.
Será a primeira vez que um satélite artificial orbitará uma lua de um planeta que não a Terra.
Os primeiros dados científicos são expectáveis em 2032.
A missão da ESA custou cerca de 1,6 mil milhões de euros e teve a colaboração das agências espaciais norte-americana (NASA), japonesa (JAXA) e israelita (ISA) em termos de instrumentação e ‘hardware’.
Atualmente, o único satélite artificial em órbita de Júpiter é o Juno, da NASA.
Lusa