“As licitações para os ‘slots’ [faixas horárias para a aterragem e descolagem] fecharam há cerca de três semanas. Ryanair e easyJet estão a lutar pelos ‘slots’. Apresentámos o ponto de que a easyJet cobra tarifas muito mais altas do que a Ryanair e que reduziu os seus voos tanto em Lisboa, como Faro, como no Porto”, afirmou O’Leary numa conferência de imprensa em Lisboa.
“Esperamos ficar com todos os ‘slots’ que vão ser distribuídos até ao fim de junho”, sublinhou o responsável, que apontou que, com essas faixas horárias, a empresa poderá “colocar mais três aeronaves em Lisboa no inverno”.
Com esses ‘slots’, a Ryanair diz que poderá aumentar o número de aeronaves no aeroporto de Lisboa para 10 no inverno e sete no próximo verão.
Num confronto direto contra a easyJet, o líder da Ryanair diz que a companhia irlandesa tem vantagem, apontando que a empresa sediada em Luton, Inglaterra, “tem reduzido as suas aeronaves no Porto durante o inverno, fecharam atividade em Faro durante o inverno, utilizam as mesmas quatro ou cinco aeronaves em Lisboa durante o ano inteiro”.
“Somos a única companhia aérea que demonstrou um compromisso com Portugal para utilizar todos os nossos aviões durante todo o ano”, vincou.
O concurso para aceder aos 18 ‘slots’ diários de que a TAP irá prescindir no aeroporto de Lisboa, após imposição da Comissão Europeia para dar aval ao plano de reestruturação, arrancou no final de fevereiro, estando prevista uma decisão para junho.
Nos detalhes do concurso, consultados pela Lusa, lê-se que o prazo para manifestações de interesse terminou em 24 de março, seguindo-se uma comunicação da lista das transportadoras que o fizeram até 25 de abril e, depois, 12 de maio, foi a data final para apresentação oficial de propostas.
Previsto está que, na semana de 13 de junho, a Comissão Europeia divulgue a decisão sobre a avaliação das propostas e que, por volta de 25 de julho, seja assinado o acordo de transferência de faixas horárias, para o arranque da operação em 30 de outubro próximo.
Em causa está o aval dado pela Comissão Europeia, em 21 de dezembro passado, ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo para isso compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia.
Entre os remédios impostos por Bruxelas para aprovar o plano de reestruturação está, precisamente, a obrigação de a companhia aérea disponibilizar até 18 ‘slots’ por dia no aeroporto de Lisboa.
Michael O’Leary acrescentou que vai querer mais que estes 18 ‘slots’ da TAP, referindo que quando a situação regressar ao normal, a companhia aérea portuguesa deverá perder mais destas faixas horárias.
“A TAP vai perder mais ‘slots’ e nós vamos querer esses ‘slots’ e crescer mais aqui na Portela, além de Madeira, Porto e Faro.
A Ryanair reivindicou ser a companhia aérea “número um” em Portugal neste ano, estimando transportar mais de 13 milhões de passageiros de e para Portugal em 2022, ultrapassando a TAP.
Michael O’Leary estima que este número – impulsionado pela abertura de 19 novas rotas de e para Portugal para o verão – vai fazer com que a empresa irlandesa ultrapasse a TAP em Portugal, referindo que há uma previsão de 11 milhões de passageiros na TAP.
O presidente executivo desafiou a TAP a apresentar as suas previsões, que “não serão 13 milhões” de passageiros.
Já em termos de resultados para o ano fiscal, Michael O’Leary antevê um regresso ao lucro.
“Estamos muito esperançosos que neste ano (…) tenhamos lucro, mas não sabemos quanto, ainda. Ainda há muita incerteza quanto à covid-19 e à Ucrânia”, referiu.
Apontando para uma recuperação do lucro pré-pandemia – 1.002 milhões de euros no ano fiscal que terminou em março de 2020 –, Michael O’Leary sublinhou o restabelecimento dos salários para todos os trabalhadores que negociaram reduções.
Lusa