“Informamos repetidamente Kiev, através de todos os canais disponíveis de comunicação, de propostas sobre a possibilidade de retirada de Mariupol das unidades das Forças Armadas ucranianas e deposição das suas armas”, referiu o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Segundo este general russo, desde as 06:00 de hoje (08:00 em Lisboa) foi reiterada a proposta aos militares ucranianos, para que entregassem as armas e deixassem a localidade através de uma rota segura para locais controlados por Kiev, oferta que foi rejeitada.
"Levando em consideração a falta de interesse de Kiev em preservar a vida dos seus soldados, Mariupol será libertada das unidades nacionalistas pelas Forças Armadas russas e pela República Popular de Donetsk", referiu.
O porta-voz do Ministério da Defesa russo alegou ainda que esta manhã o Exército russo impediu uma nova tentativa de retirada por parte do comando do Batalhão Azov, abatendo dois helicópteros Mi-8 que procuravam chegar à cidade pelo mar [de Azov].
Mariupol, cidade onde permanecem ainda cerca de 100.000 pessoas, segundo várias estimativas, está sitiada por tropas russas e milícias separatistas há várias semanas.
Segundo a Câmara Municipal, no cerco à cidade, cuja brutalidade foi condenada pela comunidade internacional, podem ter morrido cerca de cinco mil pessoas.
Igor Konashenkov sublinhou também que as forças da "República Popular de Lugansk", reconhecida por Moscovo antes da invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro, continuam a avançar contra as posições da 24.ª Brigada Motorizada do Exército ucraniano, tendo decorrido combates nos arredores da cidade de Novotoskóvskoye.
A mesma fonte alegou que estas forças pró-russas conseguiram romper as linhas de defesa da 57.ª Brigada de Infantaria Motorizada ucraniana, que perdeu até 50 soldados e nove veículos blindados nos limites norte da cidade de Zamulovka.
Na semana passada, o Exército russo retirou-se da região de Kiev e reagrupou suas forças para concentrar todos os seus esforços na conquista de Donbass, objetivo original da chamada "operação militar especial" lançada por Moscovo, informações confirmadas hoje pela NATO.
O governador da região de Lugansk, integrada no Donbass, no leste da Ucrânia, alertou na segunda-feira para a probabilidade de “um ataque em grande escala”, que disse estar a ser preparado pelas forças russas contras as tropas ucranianas naquela zona.
Na mensagem de vídeo, o governador de Lugansk exortou os habitantes a saírem daquela região o mais rápido possível, pedido que foi secundado pelo do presidente da câmara de Borova, cidade entre Lugansk e Kharkiv, no nordeste da Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa