O dia que hoje se comemora assinala também o lançamento da Década das Nações Unidas do Restauro de Ecossistemas, para prevenir, parar e reverter a destruição de espaços naturais.
Em Portugal, a Zero considera que apesar de alguns investimentos na recuperação de habitats, “a política pública tem sido marcada pela inoperância na fiscalização e regulação das atividades económicas suscetíveis de degradarem ou destruírem os ecossistemas por parte dos serviços do Estado”.
A associação dá como maus exemplos a agricultura industrial, o aumento de projetos imobiliário-turísticos junto à faixa costeira, ou a instalação em vastas áreas de projetos de energias renováveis.
Perante este “cenário preocupante” a Zero propõe que seja criado um mecanismo de compensação que obrigue quem altere o uso do solo para uma atividade económica a recuperar o dobro de uma área degradada.
Uma obrigatoriedade assim, lembra-se no comunicado, já é aplicável desde 2010, “com resultados muito positivos”, à indústria extrativa no interior do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
E no mesmo documento a Zero explica que para assinalar o Dia Mundial do Ambiente já começou a enviar presentes (ofertas dentro da lei) a vários Ministros para os sensibilizar para as matérias ambientais.
Foi assim com o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que vai receber chá verde, com a mensagem de que os investimentos na área da educação ambiental para a sustentabilidade são fundamentais, “para garantir que as novas gerações ficam mais conscientes da importância de se adotarem atitudes e comportamentos compatíveis com estilos de vida que se situam dentro dos limites do planeta”.
Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, teve direito a mel, lembrando que a apicultura se desenvolve principalmente nos territórios do interior do país, “os quais apesar das constantes proclamações e promessas continuam sem ter atenção devida dos poderes públicos”.
E azeite é o que a Zero oferece à Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, para alertar para os “graves impactos ambientais e sociais” da agricultura industrial, sendo preferível canalizar os apoios comunitários para modos de produção agroecológicos.
Na lista de presentes estão ainda lentilhas para a Ministra da Saúde, Marta Temido, porque a alimentação dos portugueses “continua a depender demasiado do consumo de proteína animal” e devia promover-se o consumo de leguminosas, e cavala em conserva para o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, porque o consumo de pescado devia centrar-se em espécies menos pressionadas e mais abundantes.
O Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes é outro dos presenteados, com chá de erva-cidreira, que controla a ansiedade e tranquiliza.
“Com todos os indicadores relativos à prevenção e reciclagem de resíduos em colapso”, com metas de “enorme exigência” em matéria climática, e com um território “pressionado e ameaçado pela artificialização que degrada os ecossistemas”, exige-se à tutela desta área “serenidade e ponderação perante estes e outros desafios, bem como a tolerância necessária para acolher e aceitar contributos e pontos de vista diferentes da sociedade civil organizada”, diz a Zero no comunicado.