“Estamos em condições de confirmar que houve efetivamente restrição aos acessos, por pedido expresso da Proteção Civil, que pretendia ter liberdade de atuação e garantia de perímetro de segurança, de forma a que a população residente pudesse retirar os seus bens, alimentar os seus animais e que os mais renitentes estivessem preparados para evacuação de emergência”, adianta a PSP, numa resposta escrita à agência Lusa.
Esta situação ocorreu na madrugada de sábado, acrescenta a polícia, “obrigando a que, ao longo do dia, tenha resultado numa presença policial permanente a auxiliar a Proteção Civil”.
“O avanço e recuo das chamas foi inconstante, motivando por isso mesmo que os pedidos de colaboração da Proteção Civil fossem variando consoante a perigosidade e proximidade das chamas”, explica a PSP na mesma informação.
Quanto à outra situação de impedimento, que o Sindicato dos Jornalistas diz ter ocorrido no domingo, na Fajã dos Cardos, a PSP diz que se reporta a segunda-feira.
“Naquele local, a Proteção Civil solicitou que na zona onde se encontravam os órgãos de comunicação social, deveriam apenas permanecer moradores, de forma a que pudessem retirar os seus bens e acudir aos moradores mais necessitados e debilitados, já que os demais presentes que se encontravam naquele local estavam a condicionar as operações de combate aos incêndios e nessa zona ocorreria dentro de momentos a concentração dos restantes meios que se concentrariam para atacar aquela frente do incêndio, sendo consequentemente aumentado o perímetro de segurança”, esclarece a força policial.
Na quinta-feira, a delegação da Madeira do Sindicato dos Jornalistas denunciou, em comunicado, o que classifica como “clima de pressões e restrições” na atividade dos profissionais envolvidos na cobertura do incêndio que deflagrou em 14 de agosto.
O sindicato indica que nos dias 17 e 18 de agosto foram registadas situações de restrição de jornalistas, operadores de imagem e fotojornalistas no acesso à freguesia do Curral das Freiras.
De acordo com a estrutura sindical, “houve indicações claras por parte da PSP para não permitir o acesso da comunicação social ao local, sendo que esta dificuldade só foi superada após vários contactos para que pudessem permitir a passagem dos jornalistas”.
“O que este sindicato não entende é a dualidade de critérios na permissão de passagem na estrada encerrada pelos agentes da PSP. Permitiram um deputado do JPP circular, em ação de campanha, e impediram os jornalistas de passar para exercer a sua atividade: informar”, lia-se na nota.
Sobre esta questão, a PSP afirma que, na altura em que o deputado esteve no local, a situação não era tão grave, “não tendo sido vedados acessos aos órgãos de comunicação social para se deslocarem ao mesmo local onde se encontrava o parlamentar”.
No comunicado divulgado na quinta-feira, o sindicato sublinha que “as pressões atingem também os responsáveis pelos órgãos de comunicação social, que são pressionados a desmentir notícias que depois se confirmam serem verdadeiras”.
Entre outras situações, o Sindicato dos Jornalistas destaca a informação divulgada na quarta-feira pelo DN/Madeira sobre a ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para envio de dois aviões Canadair de combate a incêndios.
“Após a publicação da notícia, fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de ‘assassinato profissional’, como refere o diretor [do DN/Madeira], Ricardo Miguel Oliveira. Duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira”, afirma o sindicato.
Questionada pela Lusa, fonte da Secretaria da Saúde e Proteção Civil disse na altura que o executivo não desmentiu a notícia referente aos aviões Canadair, tendo apenas indicado que aquela informação “carecia de confirmação”, uma vez que o processo de decisão ainda estava em curso.
Sobre a atuação da PSP, a fonte do Governo Regional remeteu explicações para a força de segurança.
Lusa