O objetivo do projeto é, por um lado, combater o desperdício alimentar e, por outro, ajudar as famílias carenciadas, acrescentou.
O arranque do NADA aconteceu em 26 de maio, na freguesia de São Martinho, concelho do Funchal, com o intuito de recolher bens alimentares que perderam o valor comercial, mas não o nutritivo, provenientes da restauração, encaminhando-os, posteriormente, para quem “realmente precisa”.
Foi do ‘berço’ da iniciativa que saiu a carrinha que diariamente faz a recolha dos alimentos solidariamente cedidos pelos parceiros.
Na manhã de quarta-feira, para além dos voluntários, Graça Moniz, em representação da secretária regional de Inclusão Social e Cidadania, Augusta Aguiar, juntou-se ao grupo na tarefa de recolher as doações.
“Está a funcionar muito bem porque temos a rede de voluntários, temos os técnicos da Casa do Voluntário e o percurso está muito bem articulado e conseguimos assim apoiar muita gente e todos aqueles que necessitam”, explicou à Lusa, considerando que a iniciativa “está a ser um sucesso”.
Graça Moniz sublinhou, ainda, que o número de parceiros tem aumentado ao longo de quase três meses, embora alguns sejam fixos “e outros ligam quando têm alguma sobra”.
Mas, todos “demonstram muita sensibilidade, dedicação e colaboração” para com este projeto, notou.
O diretor técnico da Associação Casa do Voluntário, Marco Bragança, garantiu que o papel da associação é claro: “não deixar ninguém desamparado por não ter o que comer, estamos aqui para ajudar”, disse.
Depois dos alicerces estarem bem “cimentados”, em São Martinho, “o próximo passo é alargar a outras freguesias da região”, contou.
“A próxima etapa deste projeto é passar para a zona de Santa Maria Maior, em parceria com a Associação Garota do Calhau, porque temos um espaço em comum”, afirmou Marco Bragança.
O diretor da Casa do Voluntário explicou à Lusa que, neste momento, o projeto NADA também se encontra na Ilha de Porto Santo.
Na Madeira a iniciativa contra o desperdício alimentar conta com cerca de 20 voluntários ativos, no Porto Santo são 12.
O número de parceiros tem aumentado, mas Marco Bragança ainda espera pelas unidades hoteleiras que estiveram fechadas devido à pandemia de covid-19, mas vão reabrir agora, lembrando que estes “foram os primeiros parceiros”.
“Quando as unidades hoteleiras reabrirem na totalidade e, principalmente, os que têm ‘buffet’, que normalmente tem mais desperdício, vai permitir ajudar cada vez mais famílias que estão sinalizadas e necessitam”, sublinhou.
Sem o apoio dos hotéis, a colaboração com uma cadeia de restaurantes, foi “uma situação feliz, que permitiu começar de uma forma mais forte esta iniciativa”.
Rúben Micael, ex-jogador de futebol que terminou a carreira na última temporada ao serviço do CD Nacional, mas não sem antes passar por grandes clubes nacionais, como o FC Porto e o Sporting de Braga, e internacionais como o Atlético de Madrid, é o atual proprietário da cadeia de restaurantes.
“É muito importante este tipo de iniciativas. A Casa do Voluntário tem feito um excelente trabalho com este projeto. Espero que mais pessoas consigam apoiar esta iniciativa, mas também espero que se consiga ajudar quem realmente precisa, porque infelizmente há quem se aproveite deste tipo de apoios e não só”, destacou o ex-jogador à agência Lusa.
Rúben Micael, que adquiriu a cadeia de restaurantes já este verão, garantiu que se sente “de coração cheio” em poder ajudar as pessoas mais carenciadas, “em vez de deitar diariamente comida que sobrou, em perfeitas condições, fora”.
Depois de recolhida, a comida é embalada e, posteriormente, levantada pelas famílias na sede da Associação Casa do Voluntário. A quantidade é pensada para que sirva para duas refeições para cada elemento da família.