Discreta e defensiva, mal preparada para as negociações do Brexit e anti-imigrantes, é assim que alguns ativistas portugueses descrevem a primeira-ministra britânica, Theresa May.
Passados 100 dias da entrada de May em funções, Paulo Costa, dirigente do grupo Migrantes Unidos, considera que "é pior do que estávamos à espera".
O português, promotor de campanhas pela participação cívica e de uma petição pela reforma do sistema de voto dos imigrantes, critica a chefe do governo pelo atraso nas negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Esperava que nesta altura já tivesse preparada para definir uma posição", lamentou à agência Lusa.
Theresa May revelou há duas semanas atrás que só pretende acionar o processo no primeiro trimestre do próximo ano, não revelando quais os termos que pretende levar para a mesa das negociações.
Guilherme Rosa, vereador pelo partido Trabalhista em Stockwell, no sul de Londres, diz que os imigrantes, depois de terem usados como "bode expiatório" na campanha para o referendo de 23 de junho, serão "moeda de troca" nas negociações.
A liberdade de circulação ou de permanência dos europeus no Reino Unido será um tema chave para decidir se o corte com a UE será "soft" ou "hard".
"Theresa May tem sido bastante defensiva na gestão do governo, acabando por ceder à ala mais conservadora do partido, que foi a favor do Brexit", disse à Lusa.
Na sua opinião, até agora a sucessora de David Cameron tem mantido um perfil discreto, mais de tecnocrata do que de grande ideóloga.
Já Paulo Costa não esquece que, mesmo tempo anunciado recentemente um pacote para ajudar os sem abrigo, Theresa May foi responsável por uma controversa campanha governamental que fez circular carrinhas em Londres com cartazes onde se lia "Vão para casa ou arriscam prisão".
Embora dirigida a imigrantes ilegais para os "ajudar" a regressarem ao país de origem "voluntariamente", Costa receia que os europeus sejam o próximo alvo.
"Nada impende que mande os europeus desempregados embora. Temos de estar preparados. Eu não estou nada sossegado", concluiu.
C/Lusa