Portugal, Futuro, Brexit, Cidadãos e Euro foram as palavras mais usadas pelos portugueses nos 60 Encontros com os Cidadãos que se realizaram entre abril e dezembro em todo o país, segundo o relatório final da iniciativa.
“Estes dados sugerem que os cidadãos continuam a olhar para os assuntos europeus através de um prisma nacional, e que o Brexit esteve no centro das preocupações dos portugueses durante o segundo semestre de 2018”, lê-se no documento, que vai ser entregue no Conselho Europeu de 13 e 14 de dezembro.
Aos portugueses, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) suscita especial preocupação em relação a “economia, as propinas para os estudantes portugueses nas universidades britânicas e o estatuto dos cidadãos portugueses” a residir no país.
À parte o Brexit, “o futuro económico da UE e as consequências da crise da dívida europeia” estiveram no topo da lista de preocupações dos participantes, marcada por uma “questão recorrente sobre as medidas adotadas pela UE para garantir a estabilidade do euro”.
Nos encontros, “as principais críticas à UE relacionaram-se com a perceção de crescente divergência económica entre Estados-membros, a falta de solidariedade, a necessidade de um maior apoio ao crescimento económico de Portugal e a necessidade de maior transparência política”.
Os Encontros com os Cidadãos foram propostos pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, para “identificar as prioridades, preocupações e ideias” dos cidadãos de todos os Estados-membros que possam servir para definir o futuro do projeto europeu, no discurso que pronunciou sobre o futuro da Europa na Sorbonne, em setembro de 2017, em Paris.
Quando faltam seis meses para as eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam entre 23 e 26 de maio de 2019 nos 27 Estados-membros, estes encontros tinham também o objetivo de chegar aos cidadãos que não manifestam interesse nas questões europeias, nomeadamente aqueles que se abstêm – nas europeias de 2014, esse valor foi de 57,5% em toda a UE, e de 66,3% em Portugal.
Para Portugal, no entanto, o formato de debate dos Encontros com os Cidadãos e o questionário ‘online’ lançado pela Comissão Europeia, que foi preenchido por 1.832 portugueses, pode não permitir chegar aos abstencionistas.
“A maioria (88,8&) dos participantes nos encontros tenciona votar nas eleições europeias de 2019. Estes dados sugerem que os participantes das consultas cidadãs em Portugal foram os cidadãos mais empenhados no projeto europeu”, lê-se no documento.
Este facto, prossegue, “sugere que o formato ‘debate+inquérito’ pode não ser o mais eficaz para alcançar os cidadãos mais afastados ou mais mal informados sobre a Europa”, nomeadamente porque o questionário ‘online’ era “muito longo e exigia um grau de conhecimento técnico acima da média dos cidadãos”.
“No futuro, maior ênfase deve ser dado às atividades de divulgação e a formatos mais inovadores que coloquem os cidadãos, e os respetivos pontos de vista e preocupações, no centro das atenções”, sustenta.
Em Portugal, realizaram-se 60 encontros nos 18 distritos do continente e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, o negociador da UE para o ‘Brexit’, Michel Barnier, e o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, estiveram entre os convidados destes encontros, organizados pelo Governo e pela Representação da Comissão Europeia em Portugal e coordenados pela Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus.
LUSA