Já o texto conjunto que incluía contributos do BE, PS, PAN e PSD, também sobre gratuitidade dos distrates, de proteção dos consumidores de serviços financeiros no crédito à habitação, ao consumo e plataformas eletrónicas, bem como limitação de comissões na ausência de prestação de serviços e restrição de comissões bancárias, foi aprovada com votos favoráveis do PS, BE, PCP, PAN, PEV, das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira, abstenção de PSD, CDS-PP e Chega, e voto contra da IL.
O CDS-PP anunciou que iria apresentar declarações de voto acerca das duas votações.
Na terça-feira, o deputado do PS Miguel Matos, coordenador do Grupo de Trabalho das Comissões Bancárias, disse à Lusa que se garantiu "o fim de um conjunto de comissões", depois da votação dos pacotes legislativos em sede de Comissão de Orçamento e Finanças.
No MB Way, segundo o deputado, foi aprovado o fim das comissões bancárias "para determinadas operações de baixo valor", com um "limite de operação de 30 euros, um limite mensal de 150 euros, e até 25 transferências por mês", que passam a ser gratuitas.
Acima dessas transferências, é aplicada uma taxa igual ao do regulamento de transferências da Comissão Europeia, na percentagem de 0,2% para cartões de débito e 0,3% para os cartões de crédito, segundo o deputado.
"Para um cartão de débito que fizesse uma transferência de 40 euros, estaríamos a falar, no fundo, de oito cêntimos de comissão", contabilizou Miguel Matos, que classificou a comissão de "muito diminuta".
Relativamente às comissões bancárias, é também gizado o fim das mesmas "nos distratos [extinção ou rescisão de contrato] e nas renegociações do crédito".
"Nos novos contratos, o fim das comissões de processamento de prestação" foi outra das medidas aprovadas pelos deputados, depois das votações no Grupo de Trabalho das Comissões Bancárias terem sido ratificadas pela Comissão, segundo o socialista.
O deputado disse ainda à Lusa que foi aprovada uma exceção nas declarações de dívida para fins sociais, passando a ser "gratuitas até seis por ano – uma de dois em dois meses – para fins sociais", como por exemplo para apresentação em escolas ou creches.
Na comissão, os deputados aprovaram também uma proposta da Autoridade da Concorrência que permite ao cliente "ter conta num banco diferente daquele que lhe empresta o dinheiro", segundo o parlamentar socialista.
De acordo com o deputado "já existia um princípio de que os bancos poderiam cobrar comissões pelo serviço efetivamente prestado, e agora passou a haver um limite de proporcionalidade e razoabilidade nas comissões bancárias".
"O Banco de Portugal [BdP] vai poder fiscalizar muito melhor se as comissões estão a extravasar o limite do que é razoável", sendo também definida uma produção de um relatório, por parte do supervisor, sobre "as más práticas nas vendas associadas".
Nos serviços financeiros, os deputados decidiram ainda que não se podem praticar, para operações em serviços idênticos, preços discriminatórios, de forma a assegurar a liberdade de concorrência entre as aplicações de pagamento, segundo o deputado.
De acordo com Miguel Matos, foi também decidido que o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF), composto pelo Governador Banco de Portugal (BdP), pela presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e pela presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) devem elaborar um relatório sobre ‘sandbox’ regulatórias [espaços experimentais regulados] para ‘fintech’ [empresas financeiras tecnológicas].
Na quarta-feira, a COF aprovou uma proposta do PSD que alarga às contas de serviços mínimos bancários o fim de comissões nas transferências através de aplicações de pagamento, com limite mensal de cinco transferências, que se juntou ao pacote legislativo que acaba com comissões bancárias no MB Way, na rescisão e renegociação de crédito e, em novos contratos, o fim do processamento de prestação.