“Passou mais de um mês desde o início da invasão da Ucrânia, desde o início desta guerra cruel e sem sentido que, como todas as guerras, é uma derrota para todos. Há que repudiar a guerra que obriga pais e mães a enterrar os seus filhos, que faz com que homens matem os seus irmãos sem nunca os ter visto”, disse o soberano pontífice após a oração do Angelus na praça São Pedro no Vaticano, considerando que “os poderosos decidem e os pobres morrem”.
Francisco susteve que a guerra é “um bárbaro e ato sacrílego" contra uma "Ucrânia martirizada” e que “não pode ser algo inevitável” ao qual as pessoas se acostumam.
“Rezo para que todos os líderes políticos pensem sobre isso, se envolvam e entendam, olhando para uma Ucrânia martirizada, como cada dia de guerra piora as coisas para todos. Por isso renovo meu apelo: basta", acrescentou o papa argentino, que falava aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, alguns dos quais agitavam bandeiras ucranianas.
Nas últimas semanas, o Papa – que conversou com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, mas também com o patriarca ortodoxo de Moscou Kirill – multiplicou os pedidos de paz na Ucrânia, denunciando um "massacre" neste país onde "fluem rios de lágrimas e sangue”.
Um país predominantemente ortodoxo, a Ucrânia tem uma grande minoria greco-católica ligada ao Vaticano, que se concentra no oeste do país.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa