Becciu, com 74 anos, encontra-se atualmente em julgamento no tribunal penal do Vaticano, depois de ter sido acusado de enviar 125 mil euros em fundos da Santa Sé para uma instituição de caridade dirigida pelo seu irmão, entre outras acusações financeiras.
O cardeal, que negou as acusações, contou a apoiantes da sua terra natal que o Papa lhe tinha telefonado no sábado a convidá-lo para participar numa reunião de cardeais no Vaticano, de 29 a 30 de agosto.
Os advogados de Becciu, Fabio Viglione e Maria Concetta Marzo, confirmaram o convite para o evento, que será o primeiro desde 2015.
Este convite surge depois de, em 2020, Francisco ter revogado os direitos e privilégios de Becciu enquanto cardeal e assegurou a sua demissão como chefe do gabinete de santidade do Vaticano.
Como resultado, Becciu não participou em quaisquer liturgias públicas, audiências ou outros eventos no Vaticano.
Para além do cardeal, outras nove pessoas foram acusadas num negócio de bens do Vaticano, em Londres.
Durante o julgamento, Becciu afirmou que tinha a autoridade, enquanto o nº2 da Secretaria de Estado, para doar fundos da Santa Sé para a caridade e que tinha enviado o dinheiro a pedido do bispo de Ozieri para uma instituição de caridade diocesana que ajuda jovens desempregados.
Mais disse que o dinheiro tinha permanecido numa conta bancária da diocese, que não era acedida pelo seu irmão.
O convite de Francisco pode corresponder a um gesto de reconsideração da sua decisão precipitada, feita a 24 de setembro de 2020, de reclamar publicamente os direitos de Becciu como cardeal e forçar a sua demissão.
Em abril de 2021, o Papa chegou a ir a casa de Becciu celebrar a missa da Quinta-Feira Santa e disse que esperava “com todo o coração” que o cardeal fosse considerado inocente.
O julgamento, que teve início há um ano, deverá ser retomado, após uma pausa de verão, a 28 de setembro.
Lusa