O papa Francisco disse hoje num encontro com peregrinos da arquidiocese de Benevento, Itália, que aqueles que atacam constantemente a Igreja estão ligados ao diabo.
Perante um grupo de peregrinos recebidos em audiência para agradecer a visita que Francisco fez em março de 2018, o papa referiu que os "defeitos" da igreja devem ser denunciados para que sejam corrigidos, mas considera que os que fazem isso “sem amor” e que passam a vida a acusar a Igreja são amigos ou parentes do diabo.
“Aqueles que passam a vida a acusar são amigos, primos, parentes do diabo”, disse.
As palavras de Francisco surgem na véspera de uma cimeira do Vaticano sobre o abuso sexual por parte do clero e ocultação de casos pela hierarquia da igreja.
O papa não citou acusações específicas nem mencionou a cimeira nas suas palavras dizendo apenas que a Bíblia chama ao diabo de "grande acusador".
A cimeira sobre os abusos a crianças cometidos pelo clero, que reunirá no Vaticano a partir de quinta-feira e até domingo os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, é considerada histórica e, segundo a organização, “um ponto de viragem”.
O encontro contará com a participação de cerca de 190 pessoas, incluindo 114 presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, dez representantes de congregações homens e dez mulheres, chefes de vários dicastérios (ministérios do Vaticano) e especialistas.
Hoje, a comissão organizadora da cimeira tem um encontro com um grupo de vítimas que já manifestaram a intenção de exigir do Vaticano uma política de “tolerância zero” contra os agressores e seus cúmplices.
O americano Peter Isely, abusado por um padre quando era criança e que é fundador de uma rede de vítimas, exige que o papa expulse da Igreja não só aqueles que cometem abuso sexual, mas também os bispos e cardeais que ocultaram os casos.
Para Peter Isely este é um momento "histórico" após anos de silêncio e considerou que mesmo que não sejam tomadas medidas concretas, valerá a pena por ter colocado em destaque o tema uma vez que permitiu que as vítimas de todos os continentes se comuniquem entre si.
Por outro lado, o americano Phil Saviano, cujo caso de abuso sexual serviu de base ao jornal "Boston Globe" para descobrir a ocultação desses crimes durante anos pela igreja local, escreveu uma carta ao organizador da reunião do Vaticano, Charles Scicluna.
Na carta, Saviano diz que após esses eventos, os abusos revelados na Pensilvânia ou os escândalos de ex-cardeal Theodore McCarrick, expulso do sacerdócio pelo papa, "o catolicismo está a afundar-se" nos Estados Unidos, pendido ao Vaticano que divulgue os nomes dos padres culpados de abuso e promova "uma nova era da transparência".
LUSA