É verdade que os fluxos baixaram no conjunto, mas algumas rotas migratórias, em particular a do Mediterrâneo Central que liga o norte de África a Itália, continuam a ser mais utilizadas que antes da crise sanitária, que levou ao encerramento das fronteiras externas da Europa, assinalou António Vitorino, ouvido em Paris pela Comissão dos Negócios Estrangeiros do parlamento.
“A pressão migratória vai manter-se”, alertou o dirigente da organização ligada às Nações Unidas.
“Os fatores que provocam as migrações foram exacerbados pela pandemia. O que nos preocupa com o que se vai passar nos próximos anos”, adiantou.
Aos fatores clássicos como a perda de empregos (a OIM estima-os em 20 milhões em África relacionados com a covid-19), a insegurança alimentar e os conflitos, junta-se as alterações climáticas, que se tornarão um “detonador de movimentos populacionais” num futuro próximo.
“Às vezes na Europa, parece que se fala de 2030, 2040, 2050… Mas a realidade das alterações climáticas já está a acontecer”, insistiu Vitorino, apelando para que a questão seja incluída nos acordos de Paris sobre o clima.
C/Lusa