Ao longo dos caminhos deste parque, contíguo ao palácio e por onde circulam hoje milhares de pessoas que se dirigem à residência oficial da Rainha, há sinais a indicar o caminho para o “Jardim do Tributo Floral”, uma área maior do que um campo de futebol, onde alguns já começaram a colocar as suas flores.
Nessa zona, junto aos troncos de várias árvores multiplicam-se as flores e mensagens.
“A nossa perda dói mais do que jamais imaginámos”, “Sereis sempre uma inspiração para nós” ou “A vossa dignidade, a vossa resiliência, o vosso sentido de dever. Nunca mais veremos alguém como vós” são algumas das mensagens deixadas junto a rosas, girassóis, malmequeres, hortenses, de todas as cores e feitios.
À entrada da zona gradeada, funcionários da Parques Reais, a organização que gere os parques de Londres, ajudam os enlutados a retirar os plásticos que embrulham as flores e discutem entre si se o espaço reservado será suficiente para todas as flores que se espera que cheguem nos próximos dias.
Segundo explicaram à Lusa, os milhares de flores que estão desde quinta-feira a ser colocados junto às grades do palácio serão hoje à noite transportados para esta zona, e partir de então, deixa de ser possível deixar flores nas grades do Palácio de Buckingham.
Além desta área, outros jardins de tributo serão colocados no Hyde Park, também em Londres, bem como junto a outras residências da família real, como Castelo de Windsor, Sandringham ou Balmoral, onde a monarca morreu na quinta-feira, anunciou o palácio.
Após deixar um ramo com alguns girassóis e margaridas junto a uma árvore, a britânica Yasin, de 24 anos, contou o que a motivou a apanhar flores do seu jardim e viajar 45 minutos até Londres: “A Rainha está na minha vida desde que me conheço. É como uma avó”.
Gayle Gunawardena, 35 anos e britânica de origem cingalesa, deixou duas rosas brancas em homenagem a Isabel II, por quem se disse “fascinada há muito”.
“Vivemos num tempo de culto da personalidade em que as pessoas fazem por aparecer, no entanto ela é a mais famosa do mundo e sabemos tão pouco. Ainda assim, sentimos esta proximidade e familiaridade”, observou, salientando que “muita gente poderia aprender com ela”.
Quarenta anos depois de conhecer pessoalmente a Rainha quando a monarca visitou o quartel que o seu pai militar comandava então, Deborah James, hoje com 57, decidiu homenagear Isabel II.
Agachada para ler as mensagens escritas nos ramos dispostos no chão, a galesa confessou que chorou muito na quinta-feira após saber da morte da monarca, que “viveu uma vida altruísta pelo país”.
Para ela, a Rainha ficará para a História como “Isabel, a Grande”.
A Rainha Isabel II morreu aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.
Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume aos 73 anos as funções de Rei como Carlos III.