“Estamos profundamente preocupados com as mulheres e raparigas afegãs, os seus direitos à educação, ao trabalho e à liberdade de circulação”, lê-se numa declaração conjunta hoje divulgada e assinada pela UE e por 19 países (Albânia, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Macedónia do Norte, Nova Zelândia, Noruega, Paraguai, Senegal e Suíça).
“Apelamos aos que ocupam posições de poder e autoridade em todo o Afeganistão para que garantam a sua proteção”, acrescentam.
Nesta tomada de posição, a UE, os Estados Unidos, o Brasil e os outros 17 países vincam que “as mulheres e raparigas afegãs, como todo o povo afegão, merecem viver em segurança, estabilidade e dignidade”.
“Qualquer forma de discriminação e abuso deve ser evitada”, exigem, vincando que, enquanto comunidade internacional, estão “prontos a ajudá-las com ajuda e apoio humanitário para garantir que as suas vozes possam ser ouvidas”.
“Vamos acompanhar de perto a forma como qualquer futuro governo garante direitos e liberdades que se tornaram parte integrante da vida das mulheres e raparigas no Afeganistão durante os últimos vinte anos”, adiantam estes países e a UE.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
Na terça-feira, os chefes da diplomacia da UE decidiram avançar com a retirada de civis e diplomatas do Afeganistão, nomeadamente cidadãos europeus, devido à “situação perigosa” que o país enfrenta.
Também nesse dia, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criou controvérsia ao reconhecer que “os talibãs ganharam a guerra” no Afeganistão e agora há que “falar com eles”.