A oposição venezuelana convocou para hoje uma greve-geral de 48 horas, naquela que é mais uma ação de protesto contra o Governo e tentativa de travar a Assembleia Constituinte convocada pelo Presidente Nicolás Maduro para domingo.
A nova ação de protesto tem lugar seis dias depois de uma greve-geral convocada pela opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). Segundo a oposição, a greve geral registou uma adesão de 85%, um número contestado pelo Governo, que garantiu que vários setores vitais para a economia venezuelana, incluindo o petrolífero, não aderiram.
A escalada de protestos da oposição contra a Assembleia Constituinte vai continuar na sexta-feira, um dia depois de terminar a greve, com uma manifestação que pretende ser uma "tomada" simbólica de Caracas, na qual vão vai também participar cidadãos do interior do país.
Também na sexta-feira, o Presidente Nicolás Maduro vai encerrar a campanha para a Assembleia Constituinte, com o que o próprio chefe de Estado diz ser "a mãe dos fechos de campanha constituinte", na Avenida Bolívar de Caracas, na capital venezuelana.
Entretanto vários setores do país decidiram apoiar a greve que hoje se inicia, incluindo vários sindicatos, associações de professores, produtores de gado, e a Federação de Câmaras de Comércio da Venezuela (Fedecâmaras), que emitiu um comunicado dando "liberdade plena" aos trabalhadores e empresários para se unirem a esta "expressão democrática" de protesto.
A oposição venezuelana acusa o Presidente Nicolás Maduro de pretender usar a Assembleia Constituinte para impor uma constituição ao estilo de Cuba.
Além disso, a oposição tem denunciado que o processo é fraudulento, porque seria necessário, segundo a legislação em vigor, realizar um referendo consultivo para que o povo decida se quer ou não uma Constituinte.
Por outro lado questiona o facto de o Conselho Nacional Eleitoral, por instruções do Chefe de Estado, ter estabelecido votos do tipo "sectorial" e "territorial", argumentando que o voto é universal e secreto.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 1 de abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.
A 1 de maio, Maduro anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição, o que intensificou os protestos que, desde abril, provocaram pelo menos 100 mortos.
LUSA