A oposição venezuelana adiou para quinta-feira a manifestação prevista para hoje, durante a posse da Assembleia Constituinte, eleita no domingo, anunciou na terça-feira à noite um dos líderes opositores Freddy Guevara.
A manifestação estava inicialmente prevista para hoje, dia em que a Assembleia Constituinte devia ser empossada, o que até agora não foi confirmado.
No domingo, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder), Diosdado Cabello, tinha anunciado que a cerimónia de posse teria lugar no "prazo máximo" de 72 horas.
"Atenção: Marcha contra a fraude Constituinte será na quinta-feira, dia em que a ditadura pretende ‘instalar’ a fraude", escreveu Guevara na rede de mensagens instantâneas Twitter.
O anúncio foi feito depois de utilizadores terem denunciado, nas redes sociais, que a página digital da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) tinha sido alvo de um ataque informático.
No domingo, a oposição venezuelana tinha anunciado manifestações para segunda e quarta-feira contra a Assembleia Constituine do Presidente Nicolas Maduro, eleita no domingo, dia marcado por violências que causaram pelo menos dez mortos.
A nova Assembleia Constituinte vai funcionar no Palácio Federativo Legislativo, onde se encontra agora a Assembleia Nacional da Venezuela (parlamento), em que a oposição é maioritária. O Governo do Presidente Nicolas Maduro advertiu já que poderá dissolver o atual parlamento.
Ao festejar os resultados eleitorais de domingo, na praça Bolívar de Caracas, Maduro afirmou que a nova Assembleia Constituinte vai servir para promover o diálogo e a paz no país, mas também acabar com a sabotagem opositora, a guerra económica e reestruturar o Ministério Público.
"Acabou-se a sabotagem da Assembleia Nacional. A Constituinte chegou para pôr ordem", sublinhou.
A nova Assembleia Constituinte, que segundo a legislação em vigor tem poderes que o chefe de Estado está obrigado a respeitar, vai criar uma poderosa comissão pela verdade, justiça, reparação das vítimas e paz e terá como tarefa inicial levantar a imunidade dos deputados opositores e dissidentes do ‘chavismo’ [regime do antigo Presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013], bem como fazer justiça com os envolvidos na violência no país e na guerra económica, disse Maduro.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 1 de abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquela instância assume as funções do parlamento.
A 1 de maio, Maduro anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição, o que intensificou os protestos que, desde abril, provocaram pelo menos 120 mortos.
O Presidente venezuelano declarou que a Assembleia Constituinte vai servir para recuperar a economia, estabilizar politicamente o país, dar segurança ao povo, promover a paz e reconstruir a igualdade, e fortalecer a defesa nacional perante "ataques imperialistas".
A oposição venezuelana, que boicotou a eleição da Assembleia Constituinte, acusa Maduro de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.
LUSA