Türk afirmou que os direitos humanos estão em estado de colapso no Afeganistão, mais de dois anos depois de os talibãs terem regressado ao poder, e apelou aos Estados membros da ONU para que ajudem a preencher o "vazio institucional".
"O nível chocante de opressão contra as mulheres e as raparigas afegãs é incomensuravelmente cruel", afirmou Türk durante uma reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"O Afeganistão estabeleceu um precedente devastador ao ser o único país do mundo onde as mulheres e as raparigas não têm acesso ao ensino secundário e superior", afirmou.
Os talibãs reconquistaram o controlo do Afeganistão em 15 de agosto de 2021, quando as forças dos Estados Unidos e da NATO, incluindo Portugal, se retiraram do país após mais de duas décadas de guerra.
Inicialmente, prometeram uma abordagem mais moderada do que durante o anterior governo, de 1996 a 2001, mas gradualmente impuseram uma dura interpretação da lei islâmica, ou Sharia.
Além de excluírem as raparigas e as mulheres da educação para além do sexto ano de escolaridade, e da maioria das formas de emprego e de muitos espaços públicos, os talibã "têm assediado ou espancado mulheres" por não usarem o ‘hijab’ – véu islâmico -, de acordo com um relatório que Türk apresentou ao Conselho dos Direitos Humanos.
Com as advogadas e juízas excluídas do trabalho ou do exercício da advocacia, as mulheres e as raparigas têm menos possibilidades de obterem representação legal e acesso à justiça, afirma o relatório.
Os decretos dos fundamentalistas suscitaram protestos a nível internacional mas os responsáveis, incluindo o líder Hibatullah Akhundzada, declararam aos "países estrangeiros" para deixarem de interferir nos assuntos internos do Afeganistão.
Até ao momento, os talibãs não responderam ou comentaram o relatório da ONU.
Lusa