“A censura e a intimidação foram os principais tipos de violações da liberdade de expressão que documentámos. Com 22 casos e 35 violações, outubro é, até agora, o segundo mês mais alto do ano”, explica um relatório divulgado em Caracas.
Segundo a EP, pelo menos 17 jornalistas (59%) foram as principais vítimas de violações da liberdade de expressão.
“Além da censura (13) e da intimidação (11), registámos 11 outras violações: cinco de assédio verbal, cinco restrições administrativas e uma de assédio judicial. Dos 27 agressores, 11 eram instituições estatais, três apoiantes pró-governamentais, dois funcionários públicos e um organismo de segurança”, precisa.
A EP denuncia que deputado do partido no poder e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), Diosdado Cabello, agrediu verbalmente e assediou, através da televisão estatal, os jornalistas Carla Angola, Patrícia Poleo, Sérgio Novelli e Alberto Rodríguez.
“Cabello leu em direto uma alegada carta anónima sobre a organização das eleições primárias da oposição venezuelana em Miami(…) no texto, os jornalistas eram acusados de extorsão, de serem ‘palangristas’ [pagos para divulgar informação tendenciosa] e especialistas em semear terror”, explica.
A ONG diz que antes das primárias a Comissão Nacional de Telecomunicações recordou aos donos dos meios de comunicação social, “que não estavam obrigados” a fazer a cobertura desse evento, através de “telefonemas informais e as comunicações” e que “em meados de setembro os principais fornecedores de Internet bloquearam o motor de busca das mesas de voto”.
Segundo a EP a mesma Comissão encerrou a estação de rádio Carora 100.5 FM, após 29 anos de transmissão contínua, em resposta “ao veto imposto à vencedora dessas eleições, Maria Corina Machado”.
A EP precisa que no dia das eleições documentou 10 casos, entre eles o do jornalista Eugénio Martínez, que foi acusado de difamar e mentir, e que uma equipa da estação privada Televisão Regional de Táchira (TRT) foi proibida de entrevistar políticos e obrigada a fazer menos de um minuto de cobertura, fora dos centros eleitorais.
Lusa