“Apelamos a um cuidado extremo no total levantamento das medidas de saúde e sociais neste momento porque isso terá consequências”, afirmou o diretor executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, no dia em que foram ultrapassados os quatro milhões de mortes provocadas pela pandemia no mundo.
Numa conferência de imprensa `online´, a partir de Genebra, Mike Ryan salientou que, apesar da redução das hospitalizações em países com elevados níveis de vacinação, a OMS tem registado um aumento de casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 em todas as regiões do mundo, com exceção das Américas.
“Este vírus está a mutar e precisamos de ser muito cautelosos neste momento”, alertou o responsável da OMS, ao lembrar que este aumento de transmissão na comunidade vai colocar em risco os grupos mais vulneráveis, especialmente, em países com uma reduzida taxa de vacinação contra a Covid-19.
Depois de salientar que “cada país tem de tomar as suas próprias decisões”, Mike Ryan considerou que a “ideia de que tudo está a voltar ao normal é, neste momento, uma assunção muito perigosa em qualquer parte do mundo”, incluindo na Europa.
Na mesma linha, a responsável técnica da OMS para a pandemia, Maria Van Kerkhove, assegurou que grande parte da população mundial permanece ainda suscetível de ser infetada, o que faz com que o mundo “não esteja numa boa posição” no combate à pandemia.
“Esta não é a situação em que devíamos estar quando temos instrumentos à nossa disposição”, lamentou a epidemiologista, ao avançar que as quatro variantes de preocupação do SARS-CoV-2 estão em circulação em centenas de países.
Nesse sentido, adiantou que a Delta, a variante predominante em Portugal, foi detetada já em 104 países, a Alpha em 173, a Beta em 122 e Gamma em 74, sendo que alguns destes países têm mais do que uma destas variantes em circulação.
Segundo a especialista, o aumento global do número de casos de Covid-19 deve-se ainda ao crescimento da mobilidade social que se regista em todo o mundo, ao levantamento das medidas de saúde e sociais e à insuficiente vacinação em alguns continentes.
Segundo o diretor-geral da OMS, numa altura em que a pandemia já provocou mais de quatro milhões de mortes, diversos países estão a registar crescimentos significativos de casos de hospitalizações, ao mesmo tempo que se debatem com falta de vacinas.
“As variantes estão, atualmente, a ganhar a corrida devido a uma inadequada distribuição de vacinas, o que ameaça a recuperação económica global”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentando que existam ainda milhões de trabalhadores da saúde e do setor social por vacinar.
“Não tinha de ser desta forma e não tem de ser desta forma a partir de agora”, defendeu o responsável da OMS, para quem, “do ponto de vista moral, epidemiológico e económico agora é tempo do mundo se unir para atacar esta pandemia globalmente”.
Segundo dados a OMS hoje divulgados, o número cumulativo de casos relatados globalmente agora ultrapassa 183 milhões e todas as regiões registaram um aumento de novas infeções na última semana, exceto nas Américas.
A região europeia relatou um aumento acentuado na incidência de 30%, enquanto a região africana registou uma mortalidade de 23%, em comparação com a semana anterior, indica a OMS.