O novo cais acostável construído no âmbito das obras de remodelação da frente mar do Funchal, na sequência do temporal de 20 de fevereiro de 2010, recebe sábado o primeiro navio.
Esta obra, que não mereceu a concordância do atual presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, tem sido muito criticada a nível local.
O novo cais, denominado "Cais 8", vai receber o navio de passageiros ‘Minerva’, com 135 metros de comprimento e 335 passageiros, dada a impossibilidade de o atual molhe sul o poder receber, pois o parque de assistências do rali Vinho Madeira, que decorre até 01 de agosto, está instalado naquele local.
"Estamos ainda a tratar da certificação de segurança, que tem de ser dada pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos", disse a presidente do Conselho de Administração dos Portos da Madeira (APRAM), Alexandra Mendonça, adiantando que "houve uma autorização provisória para esta atracação no dia 01 de agosto".
A obra do novo cais custou 18 milhões de euros e foi polémica desde o início, tendo nascido na sequência do temporal de 20 de fevereiro de 2010, visto que a solução encontrada para depositar os inertes arrastados nas ribeiras que desaguam no Funchal foi a frente mar da cidade.
Em 2011, o então presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, tomou a decisão de ali deixar permanecer todo o entulho tirado da cidade e das ribeiras, alegando ser "mais barato" deixá-los do que os transportar de camião pela cidade e depositá-los noutro local, sugerindo assim a criação de um cais.
A decisão foi tomada oficialmente a 20 de junho de 2011.
Na ocasião, o atual presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, então presidente da Câmara do Funchal, reagiu negativamente ao projeto, o que acabou por provocar mal-estar no relacionamento entre o Governo Regional e a autarquia.
Em alternativa, a Câmara Municipal do Funchal apresentou um outro projeto, que apostava na ampliação em cerca de 400 metros para oeste do atual molhe da pontinha, um investimento de 42 milhões de euros.
Este caso originou, por outro lado, que o então vereador do Ambiente na autarquia do Funchal, Henrique Costa Neves, tenha sido expulso do PSD/M por ter criticado publicamente a obra e alegado que, se algo corresse mal na ideia de unir a foz de duas ribeiras, "ninguém seria preso".
Estas obras na frente mar, e que englobaram a união da foz de duas ribeiras, o novo cais acostável e uma marina para as embarcações das empresas marítimo-turísticas, ascendeu a mais de 70 milhões de euros e foram todas suportadas pela Lei de Meios — programa criado para a recuperação das infraestruturas afetadas.
O novo cais tem 330 metros de comprimento por 22 metros de largura e permite a atracação de navios até 275 metros com um calado de 7,5 metros. Na construção do cais foram necessários 17 caixotões, pré-fabricados no porto do Caniçal.