O incêndio que consumiu ontem o icónico monumento francês Notre-Dame, uma catedral com 800 anos, deixou chocada a população francesa, mas também o mundo, solidário com Paris.
“Notre-Dame de Paris em chamas. Emoção de toda uma nação. Pensada para todos os católicos e para todos os franceses. Como todos os nossos compatriotas estou triste de ver arder esta parte de nós”, disse ontem na rede social Twitter o Presidente francês, Emmanuel Mácron.
No local, parisienses, mas também turistas assistiram incrédulos ao incêndio, alguns deles em lágrimas, vendo nomeadamente a queda do pináculo da catedral que era o monumento mais visitado da Europa.
O incêndio, de origem desconhecida e “potencialmente ligado” aos trabalhos de renovação do edifício, segundo os bombeiros, aconteceu no primeiro dia da Semana Santa, uma importante festa cristã.
Dirigentes de vários países já expressaram emoção e solidariedade, do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que falou das “imagens terríveis de ver”, à chanceler alemã, Angela Merkel, que considerou Notre-Dame um “símbolo da França e da cultura europeia”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou-se “horrorizado” com as imagens do incêndio, “uma joia única do Património Mundial”.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou um “abraço sentido” ao chefe de Estado francês, lamentando o incêndio, e o primeiro-ministro, António Costa, também transmitiu a Emmanuel Mácron e à presidente da Câmara, Anne Hidalgo, uma mensagem de solidariedade pelo “terrível incêndio”.
A primeira ministra britânica, Theresa May, disse que os seus “pensamentos estão com a população francesa” e do Vaticano chegou também uma mensagem de “incredulidade” e de “tristeza”.
“Cenas comoventes da catedral de Notre-Dame em chamas. Londres está hoje na tristeza com Paris, e na amizade sempre”, disse o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, na página Twitter.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, em inglês) também se afirmou “ao lado da França para salvar e restaurar o património inestimável” que é a catedral de Notre-Dame, disse a diretora-geral, Audrey Azoulay, na sua página no Twitter.
Inscrita como Património Mundial da Humanidade desde 1991, a catedral gótica foi construída na Ilha de França, em pleno centro de Paris. Em cada ano é visitada por cerca de 13 milhões de pessoas.
O incêndio propagou-se muito rapidamente e alastrou pelo sótão da catedral, disseram os bombeiros, referindo-se a um “fogo difícil”.
As chamas começaram supostamente ao nível dos andaimes instalados no telhado do edifício, construído entre os séculos XII e XIV.
“Tudo está em chamas. Da estrutura que data do século XIX de um lado e a estrutura do século XIII do outro não resta mais nada”, disse André Finot, porta-voz da catedral, citado pela agência de notícias AFP.
O porta-voz da Conferência Episcopal de França também lamentou que tenha ardido “um lugar cimeiro da fé católica”.
O Presidente francês cancelou uma comunicação que ia fazer na noite de ontem sobre a crise dos “coletes amarelos”, um movimento de contestação que dura há cinco meses em França, e o discurso já gravado ficou adiado, sem nova data de transmissão.
Macron deslocou-se para o local do incêndio, estando também na zona da catedral o primeiro-ministro, Edouard Philippe.
Uma multidão juntou-se ontem à tarde em locais perto do monumento, apesar das cinzas e de pequenos pedaços de material a arder que caíam do céu, tapando a cara com lenços para se proteger do fumo, segundo um jornalista da AFP. “Ela tem mil anos”, dizia calmamente um homem à filha, de 10 anos.
A presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, lamentou o “terrível incêndio”, enquanto milhares de parisienses também denotavam tristeza com a destruição de um monumento que faz parte do ADN de Paris e de França, de acordo com a AFP.
As imagens do incêndio foram transmitidas em direto pela televisão, incluindo a queda do pináculo, erguido sobre os quatro pilares do transepto que tinha 93 metros de altura.
LUSA