Vladimir Putin "disse que nunca recusaria um encontro com o Presidente Zelensky, mas esta reunião deve estar bem preparada (…). O conflito na Ucrânia agravou-se ao longo de todos estes anos, acumularam-se muitos problemas", afirmou Serguei Lavrov.
"Então, encontram-se e dizem: ‘O que achas? Eu penso que…’ seria contraproducente", insistiu em conferência de imprensa, num momento em que as delegações russa e ucraniana são esperadas em Istambul, na Turquia, para uma nova ronda de conversações.
O representante da diplomacia russa reafirmou as exigências feitas pelo Kremlin desde o início da ofensiva contra Kiev, em 24 de fevereiro, que são a proteção das populações do Donbass (leste ucraniano), bem como a "desmilitarização" e a "desnazificação" da Ucrânia.
"A desnazificação e desmilitarização da Ucrânia é parte obrigatória do acordo que estamos a tentar alcançar", reiterou, insistindo que Moscovo considera que só “haverá necessidade de uma reunião (Putin-Zelensky) quando for visível a resolução destas questões-chave".
"Somos obrigados a garantir que a Ucrânia deixe de ser objeto de experiências ocidentais e da NATO, militarmente, e de representar uma ameaça militar e física para a Rússia", acrescentou.
Os comentários de Serguei Lavrov surgem depois de declarações do Presidente ucraniano dizendo-se pronto para discutir as garantias de neutralidade e segurança da Ucrânia com o Presidente russo, Vladimir Putin, para garantir a paz "sem demora".
Volodymyr Zelensky acrescentou que só um encontro presencial com o líder da Rússia poderia pôr fim à guerra.
Os negociadores russos e turcos deverão realizar presencialmente, ao que tudo indica na terça-feira, em Istambul, na Turquia, mais uma ronda de conversações para tentar aproximar posições que permitam redigir um acordo de cessar-fogo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.119 civis, incluindo 139 crianças, e feriu 1.790, entre os quais 200 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo quase 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa