"Tripulações de tanques ucranianos chegaram ao Reino Unido para começar a treinar [nos carros de combate britânicos Challenger] com a vista à sua luta contra a Rússia", anunciou hoje o Ministério da Defesa britânico no Twitter, onde divulgou fotos de militares ucranianos a desembarcar de um avião da Força Aérea Real.
Segundo o embaixador ucraniano na França, Vadym Omelchenko, o Ocidente aprovou oficialmente "o fornecimento de 321 tanques para a Ucrânia".
Este é um número próximo daquele que foi apontado pelo comandante das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, que defendera que para realizar uma nova ofensiva o Exército precisa de pelo menos 300 tanques.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, insiste, no entanto, na "aceleração do fornecimento e abertura de novas opções de armas necessárias para a Ucrânia".
Para isso, é “muito importante manter a dinâmica de apoio de defesa dos nossos parceiros”, disse, frisando que “a velocidade de abastecimento tem sido e será um dos fatores chave nesta guerra”.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, não descartou hoje em conferência de imprensa que Varsóvia possa entregar caças F-16 a Kiev "em coordenação com os países da NATO", apesar da falta de consenso entre os membros da Aliança Atlântica, à semelhança do fornecimento de tanques pesados Leopard 2 e Abrams, cujo entendimento foi apenas alcançado na semana passada.
O Presidente ucraniano justificou os seus pedidos com o agravamento da situação no terreno, sobretudo na província de Donetsk, em particular em Bakhmut, palco de intensos combates nos últimos meses, e Vougledar, um dos novos pontos quentes do conflito.
Enquanto não chega a ajuda prometida pelo ocidente, a Rússia tem vindo a reforçar a sua pressão para quebrar as linhas de defesa ucranianas.
O comando ucraniano reconheceu que "o inimigo realiza operações ofensivas nas direções de Liman, Bakhmut, Avdiivka e Novopavlivka", na região de Donetsk.
Por sua vez, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, deu conta de avanços russos nas regiões do sul de Donetsk e Zaporijia, onde as tropas russas "ocuparam posições mais favoráveis".
A Ucrânia, por sua vez, contestou hoje informações avançadas por responsáveis russos e negou que as tropas invasoras estão a avançar na direção da cidade de Vougledar, no leste da Ucrânia, onde os combates se intensificaram recentemente.
"As nossas unidades continuam a avançar (…). Unidades estabeleceram-se no leste de Vougledar e os trabalhos continuam nas imediações", afirmou hoje de manhã o responsável da Rússia na região de Donetsk, Denis Pushilin, citado por agências russas.
Um porta-voz do exército ucraniano nesta região, Yevguen Ierine, afirmou, porém, à agência noticiosa France-Presse (AFP) que os ataques russos na área falharam.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.