Dois jovens indígenas da etnia warao foi assassinados na Venezuela por oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), quando protestavam pela falta de alimentos, denunciou na terça-feira a deputada Gladys Guaipo.
A denúncia aconteceu durante uma sessão da Assembleia Nacional, onde a oposição detém a maioria, durante a qual outra deputada, Larissa González, entregou um relatório e pediu que os assassínios fossem investigados.
"Com muita dor e muita tristeza quero denunciar que os nossos irmãos indígenas waraos do Delta Amacuro (região do sul da Venezuela) foram assassinados por reclamarem comida na sexta-feira, quando faziam fila no Mercal (supermercado estatal)", disse Gladys Guaipo.
A deputada, que também preside à Comissão Permanente de Povos Indígenas do parlamento, questionou como era possível que "a Guarda Nacional os tivesse massacrado, disparando-lhes para as costas".
Os assassínios ocorreram quando as pessoas que estavam na fila para comprar produtos a preços subsidiados pelo Executivo começaram a protestar porque há mais de 45 dias que não recebem a bolsa de alimentos que o Governo do Presidente Nicolás Maduro distribui através da rede de supermercados estatais Mercal.
Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas da população sobre dificuldades para obter produtos básicos.
As pessoas queixam-se também que os alimentos estão a ser distribuídos a preços excessivamente altos, impossíveis de comprar para quem recebe o salário mínimo mensal de 325.544,18 bolívares, já com os subsídios incluídos, o que equivale a 24,42 euros à taxa de câmbio oficial mais alta.
Segundo a Federação Venezuelana de Professores, o cabaz básico alimentar para uma família de quatro pessoas é de 2.938.277,00 bolívares (220,50 euros).
Os waraos são uma etnia indígena que habita no Delta Amacuro (região sul da Venezuela) em palafitas construídas no rio Orinoco e também em casas construídas no cimo das árvores. Estima-se que sejam cerca de 20.000.
LUSA