"Nos últimos seis anos, mais de 20.000 médicos formados em diversas unidades do país fugiram, principalmente para países da América Latina e para a Europa. Mais de uma centena de médicos luso-descendentes bateram à porta em Portugal para tentar trabalhar no sistema de saúde português", explicou à Lusa o presidente da Associação de Médicos Luso-venezuelanos (Asomeluve).
Aderito de Sousa explicou que os médicos lusodescendentes viram "que se fecharam as portas de todas as instâncias", de Portugal pelo que muitos decidiram ir para outros países.
"Isto é contraditório e realmente preocupante tendo em conta que Portugal tem acordos, por exemplo, com Cuba, que têm sido criticados por instituições como a Ordem dos Médicos, que são acordos políticos para atenção médica nalgumas regiões de Portugal, mas a um custo elevado no orçamento de saúde", disse o otorrinolaringologista.
Aderito de Sousa, frisou ainda ter recebido queixas de "todos os casos" dos médicos lusodescendentes que tentaram trabalhar em Portugal, independentemente da base de formação dos clínicos, muitos deles com reconhecimento internacional.
"Neste momento, todos os casos são tratados da mesma maneira e isso não é justo, porque dentro dessa migração há médicos com elevadas qualificações, professores, investigadores, que fizeram cursos de formação superior em países como os Estados Unidos e a Alemanha, entre outros", frisou.
Para os médicos lusodescendentes, há casos que devem ser tratados distintamente, com maior flexibilidade, "mais ainda quando falamos de médicos portugueses que estão fora de Portugal e que podem, de uma maneira muito importante ajudar a resolver o importante défice de médicos que há em Portugal".
Por outro lado, a especialista em gastroenterologia e endoscopia Carla Maria Dias de Oliveira explicou que a Asomeluve foi criada em 2003 e que dela fazem parte médicos de diversas especialidades.
"Somos quase 300 médicos lusodescendentes. Temos (na Assomeluve) professores de muita trajetória e até com reconhecimento internacional, médicos internistas, cardiologistas, otorrinolaringologistas, dermatologistas, cirurgiões, traumatologista ortopedistas, anestesiologistas", disse.
A também vice-presidente da Assomeluve frisou que há "colegas que têm tentado homologar (os títulos) em Portugal, o que tem sido muito difícil. É muito mais fácil homologar na Espanha que no nosso país, Portugal”.
Trata-se – disse – de “uma situação que nos gera muita confusão".
LUSA