A suspeita, que foi hoje presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, terá de prestar a caução em 30 dias através de depósito bancário, segundo outra fonte.
Além da caução, a médica ficou ainda proibida de se ausentar do país sem autorização, contactar com testemunhas, com utentes não diabéticos a quem tenha prescrito o medicamento e com os restantes arguidos, frequentar a clínica onde dava consultas e de exercer a profissão, referiu.
Foram ainda constituídos arguidas mais três pessoas, nomeadamente outra médica, um advogado e uma empresa, referiu.
A médica andava a ser investigada desde 2020, revelou um coordenador de investigação criminal da PJ/Porto na quarta-feira, em conferência de imprensa.
“Esta investigação representa o esforço de mais de quatro anos de recolha e correlação de provas”, disse Rui Zilhão.
A investigação, que mostra que a médica já fazia prescrições deste tipo de medicamentos desde 2014, começou depois de uma denúncia, contou.
A médica terá lesado o Estado em mais de três milhões de euros, por via do pagamento de taxas de comparticipação, obtidas de forma fraudulenta, vincou.
Em causa estão crimes de burla qualificada e de falsidade informática, sublinhou.
Segundo Rui Zilhão, a investigação já recolheu prova suficiente para indiciar que um grupo de pessoas, assim como uma empresa, gizou um estratagema para prescrever medicações, especialmente destinadas ao tratamento da doença de diabetes mellitus tipo 2, a pessoas que queriam perder peso.
Serão entre 1.000 a 2.000 os utentes a quem aquela médica prescrevia esta medicação, revelou.
Sendo que, acrescentou, um dos passos seguintes passa por apurar se aquelas pessoas padecem ou não de diabetes.
Rui Zilhão explicou que, pelo que conseguiram apurar, os utentes iam passando a palavra de que determinada clínica tinha excelentes resultados ao nível do emagrecimento.
“Depois, o mecanismo como era prescrita a medicação ainda está em apreciação”, reforçou.
O coordenador de investigação criminal frisou que as buscas, que envolveram 40 inspetores da PJ e Autoridade Tributária, visaram as casas dos arguidos, um escritório de advogados e uma clínica de saúde no Porto e a sede de duas empresas em Albufeira, no distrito de Faro, e no Funchal, na Madeira.
Foram ainda feitas buscas em gabinetes de contabilidade em Santa Maria da Feira e Lousada, concelhos do distrito do Porto, concluiu.
Lusa