Os manifestantes bloquearam estações de comboio, o aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e refinarias. Os comboios regionais e de alta velocidade, o metro de Paris e os sistemas de transporte público em outras grandes cidades foram interrompidos. Cerca de 30% dos voos no aeroporto de Orly, em Paris, foram cancelados.
As ações de hoje são a nona ronda de protestos e greves nacionais convocados pelos oito principais sindicatos de França desde janeiro. A violência intensificou-se nos últimos dias em protestos contra a reforma da segurança social e a liderança do Presidente francês, Emmanuel Macron.
Os manifestantes bloquearam as principais rodovias e cruzamentos para diminuir o tráfego em cidades como Lille, Toulouse e Lyon. O serviço ferroviário foi suspenso em Marselha porque os manifestantes estavam muito perto dos trilhos.
Nos subúrbios ao norte de Paris, várias dezenas de sindicalistas bloquearam uma estação de autocarro em Pantin, impedindo que cerca de 200 veículos saíssem durante a hora de ponta.
Cerca de 50% dos professores de escolas do primeiro ciclo estarão em greve hoje, de acordo com o seu sindicato principal.
O chefe de Estado francês resiste ao descontentamento nas ruas e declarou, na quarta-feira, que o projeto de lei aprovado pelo Governo para aumentar a idade da reforma de 62 para 64 anos deve ser implementado até ao final do ano.
O Governo francês invocou uma disposição constitucional na semana passada para que o projeto de lei fosse aprovado sem passar pela Assembleia Nacional francesa. O documento deverá agora passar por uma revisão do Conselho Constitucional de França antes de se tornar lei.
O Executivo de Macron sobreviveu a duas moções de censura na Câmara Baixa do Parlamento na segunda-feira.
O Presidente centrista, de 45 anos, que está no seu segundo e último mandato, afirmou repetidamente que estava convencido que o sistema de pensões de França precisava ser modificado para manter a sua sustentabilidade e o seu funcionamento.
Os opositores propuseram outras soluções, incluindo impostos mais altos sobre os ricos ou empresas, que Macron diz que prejudicariam a economia francesa.
Numa entrevista à televisão, na terça-feira, o chefe de Estado francês defendeu o seu plano como necessário e descartou qualquer mudança na sua equipa de governo, ao mesmo tempo que condenou os incidentes violentos nos protestos.
Cerca de 61% dos franceses acreditam que as explicações públicas de Macron não ajudarão a aliviar as tensões e, ao contrário, agravarão a agitação social que tem levado a protestos praticamente constantes durante estes últimos dias, de acordo com uma pesquisa de opinião da empresa Elabe para o canal BFMTV.
Apenas 11% da população francesa acredita que, após as explicações de Macron, as tensões vão diminuir nas ruas.
O aumento da idade da reforma não é apreciado por 72% dos cidadãos entrevistados, que o consideram injusto. Por outro lado, 63% das pessoas ouvidas declararam que, ao contrário do que disse o Governo, as medidas não garantirão a sobrevivência do sistema público de pensões.