Os manifestantes, sobretudo venezuelanos e luso-venezuelanos, percorreram as principais avenidas do Funchal, gritando por “liberdade” e por uma “Venezuela livre”.
Durante o percurso, duas crianças levavam cartazes com as inscrições “Maduro, por tua culpa não estou a crescer na Venezuela” e “Quero que os meus tios me vejam crescer em casa, não por vídeo”.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.
A oposição venezuelana convocou para hoje um “grande protesto mundial pela verdade” em mais de 100 cidades do mundo, incluindo Portugal, tendo a Madeira aderido a esta “pressão internacional” para seja feita “uma leitura correta das atas de votos”, conforme destacou à Lusa um dos organizadores da iniciativa de hoje.
Enrique Vieira recordou que, recentemente, uma série de países, incluindo Portugal e a União Europeia, solicitaram a transparência das eleições e a contagem dos votos novamente, considerando que é viável uma vez que o “CNE tem as urnas com os votos”.
Quanto à repetição das eleições, que é defendida por alguns países, Enrique Vieira defendeu que “isso não cabe na cabeça de ninguém”.
“Quando não existem as regras justas e limpas para fazer umas novas eleições, não vale a pena fazê-las”, sustentou, acrescentando que a “única saída que tem o Governo e as personalidades do Governo neste momento é sair do país”.
“Eles já não têm hipóteses de negociar, perderam as eleições, têm de entregar o poder”, reforçou ainda.
Lídia Albornoz, outra das organizadoras desta manifestação promovida pelo Comando Com Venezuela de Portugal – comando que juntou os partidos políticos da oposição no último ato eleitoral – também vincou que a Madeira, apesar de ser um “pontinho” no oceano, “não podia ficar indiferente” à situação venezuelana.
“Nicolás Maduro tem de entender que perdeu as eleições. Quem ganhou foi Edmundo (González) por maioria super absoluta. Não queremos novas eleições como para aí andam a pregar”, insistiu.
Lídia Albornoz afirmou que o que pretende é o “abandono por parte de Maduro da Venezuela para que os venezuelanos possam regressar ao seu país e torná-lo aquele país tão frutífero e bom que já foi nos tempos passados”.
“O que for preciso fazer vamos fazer, não vamos abandonar esta luta que temos pela verdade”, garantiu.
Na quinta-feira, o Comando Com Venezuela de Portugal entregou ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, José Manuel Rodrigues, as atas obtidas dos diferentes centros de votação que demonstram “que o Presidente da República Bolivariana de Venezuela é Edmundo González Urrutia com 7.173.152 votos, contra os 3.250.424 que obteve Nicolás Maduro”.