Em conjunto com a agência de estudos de mercado Marketeffect, a GoodHabitz inquiriu 1.047 colaboradores da população ativa em Portugal e outros 12.568 na Europa acerca da forma como viam as atuais oportunidades para desenvolverem as suas competências e talentos no contexto das empresas.
Uma das principais conclusões é que os "colaboradores sentem que não são ouvidos".
De acordo com o estudo, 43% dos colaboradores em Portugal pedem aos seus empregadores "mais oportunidades para se desenvolverem a nível pessoal", no entanto, "52% destes (…) sentem que os seus pedidos não são tidos em conta", um número semelhante aos 51% registados a nível europeus, o que "significa que uma grande parte dos trabalhadores sente que não é ouvida".
Questionado sobre o tema, Pedro Monteiro, diretor comercial e porta-voz da GoodHabitz em Portugal, afirma que "o mundo laboral tem-se vindo a desenvolver a uma velocidade alucinante e, entre a pandemia e novos modelos de trabalho, muitas empresas e gestores tiveram de (re)definir prioridades e dar atenção a temáticas como a saúde mental dos seus colaboradores".
Apesar da maioria dos colaboradores sentir que não é ouvida pelos decisores das empresas onde trabalham, "acreditamos que não se trata de insensibilidade ao tema da formação e desenvolvimento pessoal, mas sim da necessidade dos empregadores aprenderem a priorizá-lo", sublinha.
O estudo – que inclui países como Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Reino Unido e Suécia, entre 13 – demonstra que "os colaboradores já deram o primeiro passo e estão a pedir para terem acesso à formação, o que é um prognóstico positivo", considera Pedro Monteiro.
Contudo, "é essencial que os gestores e decisores oiçam este pedido dos colaboradores e aumentem as oportunidades de desenvolvimento", diz, referindo que os responsáveis de recursos humanos "devem ponderar colocar o desenvolvimento pessoal no topo da sua lista de prioridades" em 2023.
Já mais de dois terços (74%) dos empregadores europeus "acreditam que os seus colaboradores sentem que o seu percurso de desenvolvimento é valorizado por eles, enquanto três em cada quatro dizem incentivar os seus colaboradores a trabalhar no seu desenvolvimento pessoal", refere o estudo.
"Quando questionados se acreditam que os seus colaboradores seriam mais felizes no seu cargo atual se tivessem mais oportunidades de desenvolvimento pessoal, 84% dos empregadores europeus concordam que sim", um valor muito acima da resposta dos colaboradores europeus (78%), sendo que em Portugal esta resposta sobe para 91%.
O estudo aponta ainda que mais de dois terços (68%) dos colaboradores considera que a falta de oportunidades de desenvolvimento pessoal é um dos motivos para procurarem outra empresa.
Neste âmbito, "Portugal apresenta a segunda maior percentagem do inquérito, ficando apenas atrás da Dinamarca (73%). Ou seja, os colaboradores portugueses são, a nível europeu, dos que se mostram mais dispostos a mudar para conseguirem oportunidade de desenvolvimento pessoal", sublinha, em declarações à Lusa, Pedro Monteiro.
Questionado sobre se os gestores portugueses não dão importância devida ao desenvolvimento pessoal, o responsável da GoodHabitz refere que "estão a começar a compreender o valor da formação e do desenvolvimento pessoal, mas muitas vezes ainda não colocam este tema no topo das suas prioridades".
Aliás, "é preciso que os decisores nas empresas compreendam que a formação e o desenvolvimento já não são um ‘nice to have’, mas um ‘must have’" e a aposta que aqui for feita terá "impacto direto" em indicadores chave do negócio, defende.
"No dia em que este pensamento estiver intrínseco nas empresas e nas estratégias das mesmas – e acredito que não sejam precisos 10 anos para que tal aconteça – os colaboradores sentir-se-ão realizados e em constante crescimento e as empresas darão um grande passo para a sua competitividade e sustentabilidade", remata.