De acordo com o último relatório, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, até ao dia 31 de janeiro foram notificadas 22.387 reações adversas (uma por cada 1.000 vacinas administradas), 7.164 das quais consideradas graves, mas o Infarmed insiste que "as reações adversas às vacinas contra a covid-19 são pouco frequentes, com cerca de um caso em mil inoculações", um valor que se tem mantido estável ao longo do tempo.
A maior parte das reações adversas (11.451) são referentes à vacina da Pfizer/BioNtech (Comirnaty), seguindo-se a da AstraZeneca (Vaxzevria), com 6.222, a da Moderna (Spikevax), com 2.703, e a da Janssen, com 1.890 casos.
O Infarmed sublinha, contudo, que estes dados "não permitem a comparação dos perfis de segurança entre vacinas", uma vez que foram utilizadas em subgrupos populacionais distintos (idade, género, perfil de saúde, entre outros) e "em períodos e contextos epidemiológicos distintos".
No total, foram contabilizadas até ao final de janeiro 22.173.522 doses administradas. Entre as 7.164 reações adversas consideradas graves contam-se 126 casos de morte entre pessoas com uma média de 77 anos de idade.
"Estes acontecimentos não podem ser considerados relacionados com uma vacina contra a COVID-19 apenas porque foram notificados de forma espontânea ao Sistema Nacional de Farmacovigilância. Na grande maioria dos casos notificados em que há informação sobre história clínica e medicação concomitante, um resultado adverso fatal pode ser explicado pelos antecedentes clínicos do doente e/ou outros tratamentos, sendo as causas de morte diversas e sem apresentação de um padrão homogéneo", escreve o Infarmed.
A autoridade do medicamento insiste ainda: "A vacinação contra a Covid-19 não reduzirá as mortes provocadas por outras causas, por exemplo, problemas de saúde não relacionados com a administração de uma vacina, pelo que durante as campanhas de vacinação é expectável que as mortes por outras causas continuem a ocorrer, por vezes em estreita associação temporal com a vacinação, e sem que necessariamente haja qualquer relação com a vacinação".
O relatório acrescenta ainda que, dos casos de reações adversas classificados como graves, "cerca de 85% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral)".
Da reações adversas graves, o relatório diz que 4.317 (19,3%) foram classificadas como clinicamente importantes, 1.751 (7,8%) provocaram alguma incapacidade, 757 (3,4%) precisaram de hospitalização, 213 (1%) representaram risco de vida e 126 (0,5%) resultaram em morte.
Por grupo etário, o que mais casos de efeitos adversos graves registou foi o dos 25 aos 49 anos (3.312 casos), aquele que teve também o maior número de vacinas administradas (6.959.575).
No que se refere à distribuição por género, o relatório do Infarmed dá conta de uma maior preponderância de notificação de reações adversas por parte do género feminino, a tendência normal de notificação para qualquer outro medicamento.
"Pensa-se que isto possa dever-se a uma maior atenção das mulheres à sua saúde, bem como ao seu maior interesse por temáticas da área da saúde e bem-estar", diz a autoridade do medicamento.
As 10 reações mais notificadas referem-se a casos de pirexia/febre (5.036), cefaleia/dor de cabeça (4.992), mialgia (dor muscular (4.623), dor no local da injeção (4.118), calafrios (2.554), fadiga (2.552), náusea (1.842) e artralgia/dor articular (1.577).
Foram ainda registados casos de dor generalizada (1.532), mal-estar geral (1.355), tonturas (1.300), dor nas extremidades corporais (1.224), linfadenopatia/aumento de volume dos gânglios linfáticos (1.018), vómitos (969) e astenia/fraqueza orgânica (952).
"Na maioria dos casos, o desconforto causado por estas reações resolve em poucas horas ou dias, sem necessidade de intervenção médica, e sem sequelas", refere o relatório.
C/Lusa