Apenas 46% das pessoas que vivem com diabetes na região africana conhecem a sua condição, enquanto a nível mundial essa percentagem se situa nos 55%.
Na região africana, a falta de instalações e equipamento de testes, o número inadequado de pessoal de saúde formado, o fraco acesso a instalações de saúde e a falta de sensibilização para a diabetes são alguns dos obstáculos ao diagnóstico da diabetes.
Atualmente, 24 milhões de adultos vivem com diabetes em África, um número que se prevê que aumente para 55 milhões até 2045 (mais 129%).
Na região africana, as mortes prematuras por diabetes (ocorridas antes dos 70 anos de idade) são de 58%, mais elevadas do que a média global de 48%, enquanto a taxa de mortalidade padronizada (um ajustamento matemático de diferentes populações para ter a mesma estrutura) por diabetes é de 48 por 100.000 habitantes, mais do dobro da taxa global de 23 por 100.000.
Na região, apenas uma em cada duas pessoas que vivem com diabetes tipo 1 – a forma mais comum de diabetes pediátrica – tem acesso ao tratamento com insulina.
"Um dos maiores desafios aos cuidados da diabetes é a falta de diagnóstico. Sem testes, a diabetes torna-se um assassino silencioso", disse Matshidiso Moeti, a diretora regional da OMS para África.
E prosseguiu: "Enquanto os países enfrentam várias barreiras para combater a diabetes, a prevalência crescente da doença é um alerta para reforçar os cuidados de saúde, melhorar o diagnóstico, o acesso a medicamentos para a diabetes que salvam vidas e dar prioridade à diabetes, como um grande desafio de saúde".
O Dia Mundial da Diabetes deste ano, que hoje se assinala sob o tema "Acesso aos Cuidados", apela a um melhor acesso a cuidados de diabetes de qualidade, bem como à importância da prevenção e da resposta.
Pela primeira vez, os países concordaram, em maio de 2022, com objetivos globais fundamentais para melhorar o diagnóstico da diabetes, o acesso a tratamento e cuidados de qualidade, equitativos, abrangentes e a preços acessíveis.
Os objetivos, que constam no Pacto Mundial de Diabetes da OMS, passam pela identificação de 80% das pessoas que vivem com diabetes, o que representa o seu controlo da tensão arterial e do açúcar no sangue.
Além disso, os países devem esforçar-se por assegurar que todas as pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 tenham acesso a um autocontrolo acessível da insulina e da glicemia e que 60% das pessoas com diabetes, a partir dos 40 anos, tenham acesso a medicamentos que reduzam o colesterol.
As pessoas que vivem com diabetes têm um risco mais elevado de hipertensão e são propensas a colesterol elevado – um fator de risco para doenças cardiovasculares – do que as pessoas sem diabetes.
Para as pessoas que vivem com diabetes, o acesso a tratamento acessível, incluindo a insulina, é fundamental para a sua sobrevivência.
Na zona rural de Moçambique, por exemplo, a esperança de vida de uma criança com diabetes tipo 1 é de sete meses.
A diabetes tipo 1 é devida à incapacidade do organismo de produzir insulina suficiente, uma hormona que regula o açúcar no sangue.
Entre 2011 e 2021, a região registou um aumento de cinco vezes na diabetes de tipo 1 entre crianças e adolescentes com menos de 19 anos, com casos a aumentar de 4 por 1.000 crianças, para quase 20 por 1000.
Lusa