“Em algum momento, terá que ser preparado um cessar-fogo e a Europa tem de estar na mesa [de negociações]”, afirmou Macron, em entrevista à rádio France Inter.
“Temos de estar atentos porque, quando houver um cessar-fogo em território europeu, se decidirmos não falar com Putin, os negociadores ou garantes [do acordo] serão o Presidente turco, os chineses ou outros”, alertou.
Macron adiantou que caso tal aconteça a questão lógica será “se a Europa desapareceu”.
O Presidente francês falou com o seu homólogo russo ao telefone várias vezes desde o início da guerra na Ucrânia, mas nenhuma desde o mês passado.
Hoje, o chefe de Estado admitiu fazê-lo novamente, sublinhando que “não se deve desistir”, especialmente “se algumas vidas puderem ser salvas ou a situação melhorar” e lembrando que Putin teve “alguns gestos humanitários” no início da guerra, mas, nas últimas semanas, “não cedeu em nada”.
O Presidente francês afirmou ainda que as suas conversas com o chefe do Kremlin “foram sempre” exigentes e disse que o seu homólogo “nunca apresentou” concessões ou compromissos.
Macron disse ainda ter sempre muito cuidado com aqueles que procuram uma solução exclusivamente militar para a guerra, através da derrota da Rússia no campo de batalha, porque “decidir uma escalada do conflito significaria abrir uma nova guerra mundial”.
“Uma das responsabilidades que temos é não deixar cair uma cortina de fogo sobre a Europa”, sublinhou, acrescentando que as entregas de armas à Ucrânia têm sido feitas na base da “não-beligerância”, para ajudar o país a resistir à invasão russa.
Esta entrevista do Presidente francês cessante constitui um dos seus últimos atos antes do final da campanha para a segunda volta das eleições presidenciais, no domingo.
Emmanuel Macron enfrenta Marine Le Pen, prevendo as sondagens uma reeleição do Presidente, com 54% a 51% dos votos, contra 46%-49% para a candidata da extrema-direita.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.