"Precisamos de mudar o rumo agora e acabar com esta guerra suicida e sem sentido contra a natureza", afirmou Guterres na abertura da conferência Estocolmo+50, que assinala meio século sobre um encontro internacional pioneiro na definição de metas de desenvolvimento sustentável.
Guterres apontou a falta de liderança, cooperação e compromisso por parte das nações que "sabem o que há a fazer e têm as ferramentas necessárias", referindo que "há uma possibilidade de 50% de não se cumprir o limite de 1,5 graus [no aumento da temperatura média global até ao fim do século] nos próximos cinco anos".
"Não podemos deixar que isso aconteça", defendeu, reiterando que as emissões de gases que provocam o efeito de estufa devem reduzir-se em 45% até 2030 para se conseguir que sejam neutras em 2050 e apelando aos países mais ricos para duplicarem o seu apoio aos países em desenvolvimento para estes tomarem medidas de adaptação aos efeitos das alterações climáticas e para deixarem de utilizar combustíveis fósseis para produção de energia.
A diretora do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Inger Andersen, salientou que o mundo conhece "melhor do que nunca as consequências de seguir alegremente o caminho do desenvolvimento baseado em grandes emissões de dióxido de carbono".
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, que dirigiu a sessão em conjunto com o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, considerou que há que fazer "mais e mais depressa", com Kenyatta a frisar que África é responsável por emissões "relativamente pequenas" mas "sofre de forma desproporcional o impacto das alterações climáticas".
Por isso, defendeu que devem estar "no centro da discussão" financiamentos para mecanismos de mitigação e adaptação.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, enviou à conferência uma mensagem gravada em que também apontou a necessidade de "resultados rápidos" e de mudar "profundamente comportamentos de empresas, investidores e do sistema produtivo".
O ministro do Ambiente e Ação Climática português, Duarte Cordeiro, considerou que não houve nos últimos 50 anos vontade política suficiente para levar as metas do desenvolvimento sustentável da teoria à prática.
"Temos que aumentar a vontade política. As alterações climáticas estão a acontecer. Temos evidências (provas) científicas que não podem ser ignoradas", afirmou Duarte Cordeiro no plenário, declarando que Portugal está "pronto para ir mais longe na sua ambição".
"Quem está a olhar para o futuro com óculos do passado" precisa de ser "galvanizado" por uma vontade política maior, defendeu o ministro.
Da conferência não se espera que saiam acordos sobre novas medidas ou acordos, antes deverá servir para facilitar o diálogo e dar fôlego a compromissos assumidos pelos países em outras ocasiões.