A visita indica um progresso na diplomacia liderada pelos EUA com o objetivo de pôr fim a um conflito que se transformou numa guerra total no final de setembro, quando Israel lançou uma grande ofensiva contra o Hezbollah, apoiado pelo Irão.Na passada quinta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, apresentou ao primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri, um plano de 13 pontos que prevê uma trégua de 60 dias e o envio do exército para o sul do Líbano.
Tanto o Governo libanês como o Hezbollah concordaram com a proposta de cessar-fogo dos EUA e fizeram alguns comentários sobre o conteúdo, revelou Ali Hassan Khalil, um assessor do presidente do Parlamento, Nabih Berri, à Reuters.
Os Estados Unidos e França intensificaram os seus esforços para conseguir um cessar-fogo.
O Hezbollah apoiou o seu aliado de longa data Berri para negociar um cessar-fogo, mas tanto o Hezbollah como Israel intensificaram a luta à medida que os esforços políticos prosseguiam. Khalil afirmou que Israel estava a tentar negociar “debaixo de fogo”, referindo-se a uma escalada do seu bombardeamento de Beirute e dos subúrbios do sul controlados pelo Hezbollah. “Isto não vai afetar a nossa posição”, frisou.Criado e financiado pelo Irão, o Hezbollah é a única fação libanesa que conservou as suas armas após a guerra civil libanesa (1975-1990). Os seus detratores acusam-no de constituir um “Estado dentro de um Estado”. O assessor do presidente do Parlamento recusou detalhar as anotações que o Líbano fez sobre o projeto, mas transmitiu que foram apresentadas “em uma atmosfera positiva” e de acordo com a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que encerrou a última guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006.
Os termos exigem que o Hezbollah não tenha presença armada na área entre a fronteira libanesa-israelita e o rio Litani, que corre cerca de 30 quilómetros a norte da fronteira. Khalil afirmou que o sucesso da iniciativa depende agora de Israel, frisando que se Telavive não quiser uma solução, “pode criar 100 problemas”.
A resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU estipula que apenas o exército libanês e os Capacetes Azuis serão colocados na fronteira sul do Líbano, marcando assim a retirada dos combatentes do Hezbollah para zonas mais a norte, bem como a retirada dos soldados israelitas do território libanês.
Há muito que Israel afirma que a Resolução 1701 nunca foi corretamente aplicada, apontando para a presença de combatentes e armas do Hezbollah ao longo da fronteira. O Líbano acusou Israel de violações, incluindo o voo de aviões de guerra no seu espaço aéreo.
Khalil acrescentou ainda que Israel estava a tentar negociar “sob fogo”, uma referência a uma escalada do seu bombardeamento de Beirute e dos subúrbios do sul controlados pelo Hezbollah. “Isto não afetará a nossa posição”, realçou.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou na segunda-feira à noite que Israel iria “levar a cabo operações” contra o Hezbollah, mesmo na eventualidade de um acordo de cessar-fogo no Líbano.
“O mais importante não é (o que está no) papel se houver um (acordo), mas o facto de que seremos obrigados, para garantir a segurança no norte (de Israel), a realizar sistematicamente operações contra quaisquer ataques do Hezbollah, mesmo após um cessar-fogo”, afirmou Netanyahu ao Parlamento.
Israel afirma que pretende manter o Hezbollah afastado das regiões fronteiriças do sul do Líbano para garantir que os cerca de 60 mil habitantes do norte de Israel, deslocados pelo fogo do Hezbollah há mais de um ano, possam regressar a casa. No Líbano, dezenas de milhares de habitantes foram também deslocados.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 3.500 pessoas foram mortas no Líbano desde 8 de outubro, a maior parte das quais desde 23 de setembro. Do lado israelita, 46 civis e 78 soldados foram mortos