A associação ABESD disse que há centenas de clientes que investiram em papel comercial através da sucursal exterior do BES da Madeira que não estão incluídos na solução que será hoje apresentada e esperam que o Governo os compense.
De acordo com a informação a que a Lusa teve acesso, em causa estão sobretudo emigrantes e empresários portugueses que também investiram em títulos de dívida do Grupo Espírito Santo (das empresas Espírito Santo International (ESI) e Rio Forte) mas que o fizeram através de sucursais do banco BES no exterior, nomeadamente na Madeira, e que não são contemplados pelo mecanismos que menoriza as perdas dos lesados do papel comercial que será apresentado publicamente esta tarde pelo primeiro-ministro, António Costa.
Segundo disse à Lusa o presidente desta associação, Luís Janeiro, apenas de clientes que investiram em papel comercial através da sucursal da Madeira há mais de 100 milhões de euros em causa.
O responsável afirmou que a associação está satisfeita por ser conhecida hoje a solução que permite compensar parcialmente os lesados que compraram papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES), vendido aos balcões do BES, mas também considerou que esta é injusta por deixar de fora portugueses que foram "igualmente enganados", pelo que espera haja novos mecanismos de futuro que cheguem a todos os prejudicados.
"Isto é uma solução política. Temos de dar os parabéns ao Governo e às entidades que encontraram alguma solução. Achamos normal que os problemas se resolvam uns de cada vez, mas queremos que este acordo faça jurisprudência, a ver se vivemos num Estado de direito", afirmou o responsável desta associação, que conta com 120 associados clientes de retalho do GES.
A ABESD já pediu hoje uma reunião de urgência com o gabinete do primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para expor este tema.
O Governo apresenta hoje o mecanismo que permitirá minorar as perdas dos cerca de 4.000 clientes de retalho do BES que investiram 434 milhões de euros em papel comercial de empresas do GES, que foi à falência, e cujo reembolso nunca receberam.
De acordo com fontes envolvidas nas negociações, os clientes lesados que aceitem a solução têm garantido que receberão 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, nas aplicações até 500 mil euros, e 50% para as aplicações acima dos 500 mil, valor que será pago até 2019.
O valor será reembolsado por aplicação e não por cliente (há aplicações que têm mais do que um titular).
(Lusa)