“Hoje, as nossas equipas realizaram consultas sobre a troca acordada. O lado russo informou-nos que está pronto para transferir 500 pessoas neste fim de semana, no sábado ou domingo, das cerca de mil que acordámos trocar, pelo que estaremos prontos para trocar a quantidade correspondente”, afirmou Volodymyr Zelensky em videoconferência de imprensa realizada no início de uma reunião dos ministros da Defesa dos aliados de Kiev, na sede da NATO.
Zelensky acrescentou que jornalistas e outros civis ucranianos mantidos em cativeiro pelas autoridades russas poderão ser incluídos nas trocas acordadas na segunda-feira em Istambul, na Turquia.
Além das trocas de prisioneiros referidas, ambos os lados concordaram trocar os restos mortais de 6.000 soldados mortos de cada lado que estão na posse do inimigo.
A Rússia e a Ucrânia já tinham acordado trocar mil prisioneiros de cada lado no primeiro encontro direto entre representantes dos dois países em três anos, também realizado em Istambul, a 16 de maio.
A troca, a maior de toda a guerra, aconteceu dias depois, em três fases.
No encontro de segunda-feira, a delegação ucraniana também entregou à parte russa uma lista com os nomes de centenas de crianças ucranianas deportadas por Moscovo dos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia.
Apesar de terem conseguido chegar a um acordo de troca de prisioneiros, o líder ucraniano considerou que “não faz sentido” continuar as negociações em Istambul, tal como estão, e que se deve avançar para negociações de paz a um nível mais alto.
“Precisamos de um cessar-fogo. Precisamos de paz real (…), de segurança real, e devemos utilizar todos os métodos disponíveis para a alcançar”, defendeu na videoconferência,
O Presidente ucraniano tem criticado duramente a composição da delegação russa, liderada, nas duas rondas, por um conselheiro presidencial júnior, considerando-a “não adequada” para decidir sobre um cessar-fogo.
“Continuar com reuniões diplomáticas em Istambul a um nível que não permite resolver alguma coisa não faz sentido”, disse, reiterando a vontade de se encontrar com os homólogos russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, com a presença do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para avançar com conversações de paz.
“Estamos prontos para tal reunião a qualquer momento”, garantiu, acrescentando que “oferecerá um cessar-fogo aos russos antes de os líderes se encontrarem”.
No entanto, o Presidente ucraniano avisou que as condições apresentadas pela delegação russa “são inaceitáveis”.
Na reunião de segunda-feira, Moscovo apresentou uma lista de exigências para aceitar um cessar-fogo, entre as quais se incluíam a retirada das forças ucranianas das regiões anexadas pela Rússia, a não entrada de Kiev na NATO e a limitação do tamanho do exército da Ucrânia.
“Isto é um ultimato que o lado russo nos está a dar”, denunciou Zelensky, defendendo que a Rússia deve ser forçada a aceitar a diplomacia para pôr fim à guerra.
Para Zelensky, Moscovo está a tentar ganhar tempo, enquanto o exército avança na linha da frente, e está a manter negociações apenas para agradar a Donald Trump, que tem tentado a suspensão dos combates sejam interrompidos.
Lusa