Elementos do movimento Climáximo entraram hoje no aeródromo de Tires, Cascais, pintaram um jato privado e acorrentaram-se às rodas do aparelho, num protesto contra as emissões de gases com efeito de estufa dos voos de luxo, anunciou a organização.
Em comunicado, o movimento refere que uma viagem num jato privado entre Londres e Nova Iorque “emite mais CO2 [dióxido de carbono] do que uma família portuguesa num ano inteiro”.
“Estar aqui corta mais emissões do que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra ricos”, afirma Noah Zino, do Climáximo, citado no comunicado.
A agência Lusa tentou obter mais informações sobre o caso junto da esquadra do aeródromo de Tires, mas em vão.
Fonte da esquadra da PSP de São Domingos de Rana, freguesia onde se insere o aeródromo, disse que alguns dos seus elementos foram para o local.
No comunicado, acompanhado de fotos onde se podem ver alguns jovens acorrentados às rodas de um dos jatos estacionado e que foi pintado com tinta vermelha, o Climáximo lembra ainda: “A ONU afirma que o 1% tem de cortar mais de 97% das suas emissões, mas os voos duplicaram no ano passado”.
“Jatos privados são armas de destruição em massa, não têm lugar numa sociedade em chamas. Só a poluição da queima de combustíveis fósseis já mata, todos os anos, mais pessoas que os campos de concentração”, refere o movimento.
Critica ainda o facto de os líderes mundiais se deslocarem “de jato privado aos Emirados Árabes Unidos para ‘negociações climáticas’”, considerando que “pintam uma imagem da realidade tão nítida como a tinta vermelha que os denuncia”.
Cortar as emissões de luxo e “voos supérfluos”, como os de jato privado e os voos de curta distância, travar qualquer plano de aumento da aviação – “seja um novo aeroporto em Lisboa ou a expansão em curso do Aeroporto de Cascais” – e requalificar milhares de trabalhadores, desenvolvendo amplamente a rede ferroviária nacional e internacional, são algumas propostas avançadas pelo Climáximo para travar a crise climática.
O movimento convida ainda todas as pessoas a juntarem-se e saírem à rua no próximo sábado, numa “manifestação de resistência climática”.
Lusa