No âmbito do programa Horizonte 2020, o i3S recebeu um financiamento de 300 mil euros da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), tendo por base o seu biobanco de amostras nasofaríngeas testadas para o SARS-CoV-2, que reúne mais de 35 mil amostras, um terço das quais positivas para a covid-19.
O biobanco guarda desde março de 2020 amostras em congeladores a temperaturas entre os 80 e 20 graus célsius negativos e vai permitir avaliar as coinfeções no último ano com o SARS-CoV-2.
“Vamos tentar analisar se outros agentes patogénicos como baterias ou fungos podem estar associados à infeção pelo novo coronavírus e se variam sazonalmente”, esclareceu o investigador líder do grupo Microbiologia Molecular do i3S.
Paralelamente, os investigadores vão avaliar se a infecciosidade e agressividade das variantes do SARS-CoV-2 mudou ao longo do último ano.
No âmbito do projeto, que decorre até junho de 2023, o instituto da Universidade do Porto adquiriu “robôs” para “automatizar” o diagnóstico à covid-19 no laboratório com capacidade para analisar 350 amostras por dia.
“A compra dos robôs permite ter menos pessoas no laboratório e um maior controlo sobre a qualidade do processo. Normalmente, comunicamos os resultados em menos de 10 horas, pelo que os robôs não vão aumentar significativamente o tempo, mas sim a qualidade do processo de diagnóstico”, acrescentou.
O instituto pretende ainda fazer “algumas modificações ao protocolo” por forma a poder, à semelhança de outros laboratórios, fazer o teste à covid-19 através da saliva e detetar as variantes ao SARS-CoV-2.
“Vamos ver se funciona, mas isso não vai ser imediato”, antecipou Didier Cabanes.
O i3S tem já “todo o procedimento implementado” para proceder ao isolamento do vírus, bem como aos testes de infeção, cuja realização requer que seja feita num laboratório de biossegurança nível 3.
Este laboratório vai permitir avançar com os testes experimentais da vacina que está a ser produzida pela Immunothep, sendo que o objetivo do instituto é “vacinar ratinhos e infetá-los com o vírus isolado [pelo próprio instituto] para ver se estão protegidos”.