O projeto “Dispersals” (Dispersões, em português), de Nuno Bicho foi um dos contemplados de entre as 2.652 propostas submetidas ao ERC por investigadores de 28 nacionalidades, anunciou em comunicado a Universidade do Algarve.
A verba permitirá ao investigador estudar as dinâmicas das primeiras migrações do Homo Sapiens em e a partir de África e avaliar o modelo genético de que as populações humanas da África Austral foram a génese da migração da espécie, a partir daquele continente, há cerca de 70 mil anos.
Segundo Nuno Bicho, citado numa nota enviada à Lusa, o projeto, que reúne um conjunto alargado de investigadores internacionais, inclui a realização de trabalhos nas bacias dos rios moçambicanos do Limpopo e Save.
O investigador adianta que a área onde vão incidir os trabalhos “medeia as duas regiões chave do aparecimento” da espécie humana, ou seja, a África Austral e a África Oriental”.
“Este projeto será crucial no fornecimento de dados arqueológicos, cronológicos e paleoambientais que serão inovadores e de alta resolução”, sustenta Nuno Bicho.
O projeto, adianta, fornecerá uma perspetiva fundamental sobre os processos relativos às primeiras migrações e dispersões da espécie no continente africano, e fora dele, “que resultaram na diáspora humana por todo o planeta nos últimos 100 mil anos”.
Para o investigador, as três bolsas recebidas até agora pela Universidade do Algarve através do seu Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano, que totalizam 6,5 milhões de euros, irão contribuir para tornar as duas estruturas “num centro de excelência em arqueologia”.
Em março, a UAlg anunciou a atribuição de uma bolsa de 1,9 milhões de euros a João Cascalheira, outro investigador do mesmo centro, mentor de um projeto que visa estudar o desaparecimento dos Neandertais no oeste europeu.
A bolsa foi igualmente atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), organismo estabelecido pela Comissão Europeia em 2007.