"Estamos a assistir este ano a níveis de inundações sem precedentes em todo o mundo e, com elas, a uma explosão de ameaças às crianças", disse Paloma Escudero, chefe da delegação da UNICEF na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), em comunicado hoje divulgado.
"A crise climática está aqui. Em muitos lugares, as cheias são as piores verificadas numa geração, ou várias. As nossas crianças já estão a sofrer a uma escala que os seus pais nunca sofreram", adiantou Escudero.
Segundo a UNICEF, uma grande maioria das 27,7 milhões de crianças afetadas pelas inundações em 2022 é altamente vulnerável e corre um risco elevado de ameaças como morte por afogamento, surtos de doenças, falta de água potável, subnutrição, perturbações na aprendizagem e violência.
As situações mais graves registam-se em países como o Chade, Gâmbia, Paquistão e Bangladesh.
As Nações Unidas advertiram recentemente que algumas comunidades poderão enfrentar a fome se a assistência humanitária não for sustentada e as medidas de adaptação climática não forem escalonadas.
Para além da ameaça à vida de milhões de crianças, as águas das cheias perturbaram os serviços essenciais e deslocaram inúmeras famílias.
Nos mês passado, a UNICEF estimou que pelo menos 615 crianças morreram no Paquistão devido às inundações catastróficas que assolaram o país desde junho e que deixaram já mais de 1.700 mortos.
Segundo Paloma Escudero, "a COP27 oferece a oportunidade de traçar um roteiro credível com marcos claros para o financiamento da adaptação climática e soluções para perdas e danos".
A UNICEF, para além de pressionar os governos e as grandes empresas a reduzir rapidamente as emissões, insta os líderes a tomarem medidas imediatas para proteger as crianças da devastação do clima, adaptando os serviços sociais críticos de que elas dependem, através de medidas de adaptação, como a criação de sistemas de água, saúde e educação resistentes às inundações e secas.
No ano passado, os países desenvolvidos concordaram em duplicar para 40 mil milhões de dólares por ano o apoio à adaptação, até 2025. Na COP27, devem apresentar um plano credível com marcos claros sobre este objetivo.
A resposta humanitária imediata da UNICEF aos países afetados pelas cheias inclui os setores da saúde, nutrição, saneamento, proteção infantil e educação.
A falta de financiamento, contudo, tem dificultado a resposta em muitos países, segundo o fundo da ONU. Por exemplo, a lacuna de financiamento para a resposta humanitária no Paquistão situa-se atualmente nos 85 por cento.