O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse hoje que o projeto de criação de uma faixa corta-fogo para proteger o Funchal dos incêndios representa um investimento na ordem dos oito milhões de euros.
“O que nós estamos a fazer é uma política concreta de prevenção, em particular no Funchal, que tem passado pela limpeza, sobretudo nas freguesias mais altas", em torno das casas e de zonas habitacionais, afirmou o governante madeirense, numa iniciativa de doação de 65 mil euros pela empresa Teleféricos da Madeira para o projeto da faixa corta-fogo, na zona do Terreiro da Luta.
O chefe do executivo insular salientou que este projeto se baseou numa “análise exaustiva e fundamentação científica” relativamente à zona mais preponderante à propagação de incêndios, recordando que este estudo vem do tempo em que foi presidente do município do Funchal durante 19 anos, período em que se registaram 15 fogos de grandes dimensões no concelho.
Miguel Albuquerque mencionou que aquela área do Caminho dos Pretos, nos arredores do Funchal, é de “alta combustibilidade”, uma situação que resulta da reflorestação que foi efetuada das “serras escalfadas com plantas de crescimento rápido, como eucaliptos e acácias”, o que teve “efeitos perniciosos”.
Daí, salientou a necessidade de construir uma faixa corta-fogo, que passa pela construção de caminhos florestais, redes de combate a incêndios, corte das plantas infestantes e a sua substituição por espécies endémicas, o que vem “diminuir a propagação do fogo em toda esta área que circunda o Funchal”.
O governante apontou que este é um projeto que abrange uma “área muito grande, com cerca de 460 hectares” e representa um investimento de oito milhões de euros, sendo metade para aquisição de terrenos e a outra para todas as infraestruturas necessárias.
“Isso significa que temos responsabilidades científicas, não apenas de governo que é entidade abstrata, mas também da própria sociedade e temos tido uma grande recetividade das empresas” disse, louvando o envolvimento neste “objetivo de interesse coletivo da região".
Mas, Miguel Albuquerque sustentou que as ”políticas estruturais” devem ser elaboradas “a médio e a longo prazo”, como acontece nos países desenvolvidos, não sendo condicionadas “pelos ciclos eleitorais”.
No seu entender, este tipo de “política vai trazer benefícios importantíssimos para as futuras gerações”, tendo em conta também os efeitos das alterações climáticas que a região está a sofrer.
Concluiu que deve passar por três vertentes: “uma política de prevenção efetiva, responsabilidade social que envolva a sociedade e as empresas e por políticas de médio e longo prazo com efeito importantes intergeracionais”.
LUSA