O navio Greta K que hoje se incendiou ao largo da Foz do Douro, no Porto, oriundo do porto de Sines, transporta “combustível refinado”, “exatamente diesel, gasóleo” e gasolina para aviões, declarou o hidrobiólogo e investigador do ICBAS, Adriano Bordalo e Sá.
Segundo o especialista, o incêndio deflagrou na parte de trás do barco.
“O incêndio deflagrou na parte de trás do barco, ou seja, na ré, onde está a casa das máquinas. Tudo indica que efetivamente o incêndio deflagrou na casa das máquinas, sem atingir os tanques de combustível”.
Segundo explicou Bordalo e Sá, antigamente os combustíveis eram produzidos na refinaria de Leixões, mas a refinaria encerrou e agora esse material tem de vir de outro lado.
Questionado pela Lusa sobre se tem conhecimento sobre se houve algum derrame para o mar, Bordalo e Sá afirmou que se tiver havido algum derrame foi “muito limitado”
“Para já, se houve derrame foi muito limitado, ainda não é visível, e, em principio, não haverá. Mas já temos aqui na zona onde estamos –na Foz do Douro (Porto) , perto da Praia dos Ingleses – o cheiro a combustível o que mostra que o navio não está completamente estanque”, disse Bordalo e Sá, acrescentando que o cheiro pode ser fruto do incêndio, porque está a arder a parte de trás do navio, a zona da casa das máquinas, que tem ligação direta aos depósitos de combustível da locomoção do navio.
Segundo explicou, o navio tem dois tipos de depósitos. Um para alimentar os seus motores e outro para o transporte dos produtos refinados.
“Seja como for, um produto refinado, se for derramado, tem consequências ambientais trágicas, mas de menor dimensão do que se for petróleo bruto”.
O incêndio estava a ser combatido pelas 18h00 com jatos de água que estavam a ser lançados não só sobre a casa das máquinas, mas também nas tampas dos depósitos para arrefecer, acrescentou
“O pior que podia acontecer era uma ignição secundária”, disse, explicando que ela poderia ser provocada pelo aquecimento de toda a infraestrutura, e considerando que tentar arrefecê-la e é um procedimento correto que faz parte dos planos de contingência quando há este tipo de acidentes.
Questionado sobre quem estava a combater as chamas, Bordalo e Sá disse que eram os serviços próprios do porto de Leixões, que tem “pessoal altamente especializado neste tipo de acontecimentos”.
O navio Greta K, que hoje se incendiou ao largo da Foz do Douro, no Porto, encontrava-se às 17h45 a quatro quilómetros da costa, vindo do porto de Sines, de acordo com a aplicação Marine Traffic.
O alerta para o incêndio na embarcação, registada em Malta, foi dado às 15h24, de acordo com a página na Internet da Proteção Civil.
Em declarações à Lusa, na Avenida Brasil, na marginal do Porto, um casal de espanhóis de visita à cidade referiu ter visto chamas na embarcação desde as 14h00.
Pelas 17h00, era ainda visível um fumo negro a sair do navio, estando o incêndio a ser combatido com água, projetada por pelo menos duas outras embarcações.
O navio em chamas dirigia-se para o porto de Leixões, em Matosinhos, acrescentou a fonte da Proteção Civil.