O registo na Segurança Social é um requisito para poder trabalhar e beneficiar do sistema de apoio social no Reino Unido e um indicador usado para calcular os fluxos demográficos para o país.
Com o fim do período de transição pós-Brexit, a 31 de dezembro, acabou a liberdade de circulação de europeus no Reino Unido, pelo que cidadãos da União Europeia (UE) tinham até ao final do ano de se estabelecer em território britânico de forma a garantir o estatuto de residente.
Aqueles que tenham chegado depois, em 2021, estão sujeitos ao novo sistema de imigração por pontos, que exige, entre outros requisitos, contrato de trabalho, conhecimentos da língua inglesa e um salário mínimo.
O aumento de registos de portugueses no último trimestre acompanhou o panorama geral entre os cidadãos europeus, pois entre setembro e dezembro de 2020 o Ministério do Trabalho contabilizou 3.235 inscrições na Segurança Social, o triplo das 1.164 do trimestre anterior.
A investigadora do Observatório da Emigração, Inês Vidigal, admite que tenha existido algum esforço de última hora para a legalização no país, mas acredita que o aumento no fim de 2020 estará mais relacionado com o restabelecimento da mobilidade em termos internacionais, afetada pela pandemia de Covid-19.
“Nos dois semestres intermédios do ano as fronteiras estiveram fechadas, mas no último trimestre a circulação passou a ser mais fácil. Também poderá ter havido uma compensação dos serviços [do Ministério do Trabalho], que terão estado limitados”, disse, em declarações à agência Lusa.
No total, em 2020 registaram-se na Segurança Social britânica 6.664 portugueses, menos 73% do que os 24.593 do ano anterior, sendo o valor mais baixo desde 2002, quando estas estatísticas começaram a ser recolhidas.
Com exceção de 2019, quando foi registado um aumento inesperado face ao ano anterior, desde 2016 que a tendência da emigração de portugueses e europeus para o Reino Unido é descendente, fenómeno que os investigadores atribuem à perceção criada pelo referendo que ditou a saída do país da União Europeia (UE).
Apesar de a pandemia de Covid-19 também ter afetado fluxos migratórios e a atividade económica no Reino Unido, ‘Brexit’ é um dos fatores apontados para a queda acentuada de 75% nos registos de cidadãos da UE na segurança social.
Em 2020, o Ministério do Trabalho britânico recebeu 116 mil inscrições, menos 340 mil do que em 2019.