Na audiência a que hoje foi presente Damien T. e em que admitiu os factos, o Ministério Público (MP) pediu uma pena de prisão de 18 meses por considerar que a bofetada foi "completamente inadmissível" e um "ato de violência deliberada".
O procurador do MP manifestou-se preocupado com a eventual reincidência do crime, por se ter apercebido de "uma espécie de determinação fria" no homem de 28 anos, que disse ter sido “investido pelos ‘coletes amarelos’, cuja voz já não é ouvida”.
O movimento “coletes amarelos”, de protesto contra as políticas sociais e fiscais do Governo francês, nasceu em novembro de 2018 e incendiou a França durante quase um ano, entre ocupações de rotundas e, por vezes, manifestações violentas.
A bofetada infligida a Emmanuel Macron durante uma viagem a Tain l’Hermitage despertou a indignação de toda a classe política francesa, ainda que o Presidente da República relativizasse o gesto, denunciando "atos isolados" cometidos por "indivíduos ultraviolentos".
"Esta decisão será observada, examinada" e terá até "eco na imprensa internacional", acrescentou o procurador Alex Perrin.
Emmanuel Macron voltou hoje a subestimar o ocorrido, referindo acreditar que o país não se encontra numa situação de tensão como durante a crise dos "coletes amarelos" e preferindo insistir no ambiente de otimismo que sente em França.
"O que sinto no país é otimismo, é uma vontade de reencontrar a vida, é dinamismo" e "muita gente quer trabalhar ao máximo" enquanto a crise de saúde aumenta, disse Macron em entrevista ao canal BFMTV, após um almoço com a seleção francesa de futebol na véspera do início do Euro2020.
Neste contexto, Emmanuel Macrion disse que a França não se encontra no mesmo estado de "tensões muito fortes" em que esteve aquando da "crise dos coletes amarelos".
"Não façamos com que este ato estúpido e violento [a bofetada] diga mais do que diz", acrescentou.
"É preciso colocar as coisas em perspetiva e não banalizar nada (…), não importa receber um estalo quando se vai para uma multidão", frisou.
Para Emmanuel Macron, "a verdadeira violência não é aquela", mas sim a sofrida pelas "mulheres que morrem por causa dos companheiros e dos maridos".
Questionado sobre a sua possível candidatura a um segundo mandato em 2022, Emmanuel Macron considerou "inoportuno" responder à pergunta, alegando que o fará "no momento certo".
A este respeito fez um paralelismo com o futebol, alegando ser "como uma competição".
"Se você pensar na semifinal ou na final antes de disputar a primeira partida da fase de grupos, normalmente é assim que perdemos esta", disse.
"Os franceses deram-me uma missão durante cinco anos e vou cumpri-la até ao último quarto de hora, estando empenhado como estou desde o primeiro dia, isto é, no máximo”, afirmou.
"Em algum momento, a questão do meu futuro pessoal surgirá e eu darei uma resposta franca", prometeu.