Haia está a trabalhar neste projeto em colaboração com o presidente da Assembleia Nacional (parlamento) e autoproclamado Presidente interino venezuelano, o opositor Juan Guaidó, e com os Estados Unidos, indicou, na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Stef Blok.
"O povo venezuelano precisa de ajuda humanitária", escreveu Stef Blok na rede social Twitter.
A oposição venezuelana e vários países ocidentais têm vindo a pedir ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que autorize a entrada no país da ajuda humanitária fornecida pelas autoridades norte-americanas.
O governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humanitária no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.
A ajuda humanitária fornecida pelos Estados Unidos, que inclui alimentos e medicamentos, está retida atualmente na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta.
“É por isso que a Holanda e Curaçao decidiram facilitar a criação de um centro de ajuda humanitária em Curaçao, em estreita cooperação com o Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e com os Estados Unidos", reforçou o ministro.
A Holanda é um dos cerca de 50 países que reconheceram até à data Guaidó como Presidente interino da Venezuela e a sua legitimidade para convocar eleições naquele país.
Stef Blok não especificou nenhuma data para o estabelecimento do centro em Curaçao, território localizado a cerca de 65 quilómetros a norte da costa venezuelana.
“Os termos exatos serão especificados", escreveu o ministro, numa carta enviada na quarta-feira ao parlamento.
O governo holandês anunciou na terça-feira uma doação superior a um milhão de euros à Cruz Vermelha holandesa para "prestar assistência aos venezuelanos necessitados".
Em 2018, a Holanda já tinha doado 600 mil euros.
O conselheiro do Presidente norte-americano para a Segurança Nacional, John Bolton, elogiou, através do Twitter, a iniciativa das autoridades holandesas, denunciando "as condições desesperantes provocadas pela tirania de Maduro" na Venezuela.
Juan Guaidó anunciou, na terça-feira, que a 23 de fevereiro entrará a ajuda humanitária no país, apesar da recusa de Maduro.
"A ajuda humanitária vai entrar, sim ou sim (de qualquer maneira), o usurpador terá que ir-se (embora), sim ou sim, da Venezuela", afirmou nessa altura.
A entrada de alimentos e de medicamentos no território venezuelano tem sido um dos temas centrais nos últimos dias do braço-de-ferro entre Guaidó e Maduro.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já cerca de 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
LUSA