“É com grande tristeza que a HarperCollins anuncia que a autora de ‘best-sellers’ Hilary Mantel morreu em paz, rodeada de familiares e amigos próximos, [quinta-feira] com 70 anos de idade”, escreveu o grupo editorial.
Hilary Mantel foi uma das maiores romancistas inglesas deste século e as suas obras são consideradas clássicos modernos, acrescentou em comunicado.
Mais conhecida pela épica trilogia sobre Thomas Cromwell, Hilary Mantel tornou-se a primeira mulher a vencer duas vezes o prémio Booker, com os dois primeiros volumes – “Wolf Hall” e “O livro Negro” (que venceu também o Prémio Costa para livro do ano em 2012) -, tendo sido nomeada ainda para o mesmo prémio com o terceiro volume, “O espelho e a luz”.
Em Portugal, a trilogia foi publicada pela Editorial Presença, embora os dois primeiros volumes tenham sido anteriormente editados pela Civilização, e a Jacarandá publicou o seu livro de contos “O assassinato de Margaret Thatcher”.
Nascida em 1952, em Derbyshire, no seio de uma família irlandesa católica, Hilary Mantel licenciou-se em Direito e trabalhou como assistente social antes de se tornar escritora, tendo vivido cinco anos no Botswana e quatro na Arábia Saudita, uma experiência que lhe serviu e cenário para algumas das suas obras.
Na década de 1980 regressou ao Reino Unido e começou a escrever. O seu trabalho aborda temas que vão da memória pessoal à ficção histórica.
É autora de vários livros aclamados, entre os quais "Eight Months on Ghazzah Street" (1988), "Fludd" (1989), "A Place of Greater Safety" (1992), "A Change of Climate" (1994), "An Experiment in Love" (1995), "The Giant" (1998), "Giving Up the Ghost: A Memoir" (2003), "Learning to Talk: Short Stories" (2003) e "Beyond Black" (2005).
Casada com o geólogo Gerald McEwen desde setembro de 1972, Hilary Mantel sofria de endometriose e foi submetida a uma menopausa cirúrgica aos 27 anos, o que a deixou incapaz de ter filhos.
Numa entrevista concedida ao jornal La Repubblica no final do ano passado, a escritora abordou o tema, em resposta a uma questão sobre como encarava a impossibilidade de ter filhos.
"Quando eu era jovem não queria ter filhos, apenas precisava de crescer e de saber que podia ganhar a vida. Só que as minhas catástrofes físicas retiraram-me a escolha aos 27 anos e embora na altura ainda fosse ambivalente, ninguém gosta de uma porta fechada e trancada. […] Mas desejava ter netos. É nesta fase da minha vida que mais o sinto”, disse na altura a escritora.
Hilary Mantel confessou ainda que os danos no corpo causados pela endometriose a longo prazo pesaram mais na sua vida e carreira do que a falta de filhos.
Nessa mesma entrevista, a escritora revelou que pretendia nacionalizar-se irlandesa para se tornar novamente europeia.
Há duas semanas, o Financial Times perguntou a Hilary Mantel se acreditava na vida depois da morte, ao que a autora respondeu: “Sim. Não consigo imaginar como poderia funcionar. No entanto, o universo não está limitado pelo que posso imaginar”.
Lusa